Depois de fechar as portas neste período de pandemia do coronavírus, grandes resorts da Bahia começaram ou planejam retomar as atividades. O primeiro deles foi o Vila Galé, instalado na praia de Guarajuba, que estabeleceu uma série de protocolos a fim de garantir a segurança dos clientes.

Apesar da novidade, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) acredita que é um “movimento tímido” e que não se espera grande volume de retomada das operações neste momento.

Luciano Lopes, presidente ABIH, vê com cautela esse início de retomada das operações. Segundo ele, os empresários do setor avaliam o custo de iniciar o trabalho nesse momento de incerteza sobre demanda.

“Ainda é um movimento muito tímido, não se espera ainda muitas aberturas, volume, no mês de julho. Alguns hotéis estão voltando porque começam a ter demanda. […] Essa abertura vai estar ligada com a malha aérea ou própria pandemia em si. Não sabemos se teremos uma outra onda”, avalia o presidente da ABIH.

“A gente vê com muita cautela. Cada hotel tem sua característica. A gente vê alguns hotéis abrindo, alguns com data marcada. Hotel fechado tem custo elevado. E abrir para gastar mais do que quando estava fechado não faz sentido. Todos empresários estão fazendo essa conta”, completa.

Já Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Alimentação e Hospedagem (FeBHA), informou que alguns resorts estabeleceram cronograma de retomada das atividades.

“Vila Galé retomou atividades ontem (quinta-feira), Sauípe vai abrir com um hotel dia 17 de julho. O Grand Palladium vai abrir dia 30 de julho, Iberostar 3 de setembro. Tivoli dia 1º de setembro”, relata Silvio Pessoa, presidente da FeBHA.

Em Salvador, a FeBHA e ABIH informaram que algumas unidades sinalizaram abertura no início de julho. Em abril, 95% dos hotéis da capital baiana fecharam por causa da pandemia do coronavírus. Luciano Lopes acredita que a realidade não mudou muito desde então, e entre 90% e 95% dos estabelecimentos na capital baiana seguem com as atividades interrompidas.

“Dos hotéis que estão abertos, essa taxa de ocupação é de 20% em Salvador. É muito aquém do que a gente estava acostumado. Nessa época, seria de 55% a 60% de ocupação. Como julho é um mês de férias na região sudeste, começa a ter alguma demanda, e o número de voos em Salvador já aumentou. Em julho vai para 20% da sua capacidade. Essa curva de retomada agora que se inicia de julho e até setembro, outubro, é com boa parte dos hotéis funcionando”, opina o presidente da ABIH.

Silvio Pessoa afirma que parte dos estabelecimentos aguarda definição de plano econômico pelo Governo do Estado para o setor.

“Em Salvador, 75% deles [hotéis] estavam planejando reabrir no início de julho, mas o governo do estado não lança datas da retomada das atividades econômicas. Mesmo as companhias começando a vir, não temos segurança para reabrir os hotéis. Muitos estão pensando na data correta para reabrir. Uma parte para abrir dia 1º de julho”, comenta Silvio.

Luciano Lopes acredita que a reabertura de cada hotel, seja ele pequeno ou de grande porte, depende do ramo e, consequentemente da demanda que possa vir a ter. “Você vai muito pelo seguimento do hotel, do foco. Tem hotel muito voltado para lazer, negócio, se tem forte atuação no mercado hotel”, acrescenta.

Protocolos de segurança

A reabertura dos hotéis acontece com atenção aos protocolos de segurança. No caso do Vila Galé, que retomou as atividades, o resort garante que a operação vai acontecer sobre três princípios: resguardar distanciamento social, garantir uso de equipamentos de proteção individual e reforçar as medidas de limpeza e desinfecção.

Bares e restaurantes vão ter acesso controlado. Elevadores e piscina vão ter capacidade reduzida e recreações serão feitas ao ar livre.

“O Vila Galé Marés é o primeiro hotel do grupo a reabrir as suas portas no Brasil! Voltamos com novas normas de higiene e segurança, seguindo todas a orientações das Autoridades Competentes e do Ministério do Turismo que atribuiu o selo de ‘Turismo Responsável, Limpo e Seguro’ à nossa unidade”, disse a unidade em publicação nas redes sociais.

Para Silvio Pessoa, neste período de atenção redobrada com a Covid-19, os hotéis terão protocolos mais rígidos de segurança.

“Protocolos de segurança terão que ser muito mais rígidos. Pessoas só vão abrir se tiver segurança. Os que não têm protocolo de segurança, a Federação faz. Não vamos ficar descobertos por falta de protocolos”, garante.

Luciano Lopes acredita também que esta novidade vai influenciar nos hábitos dos clientes, mais atentos ao modo que cada hotel lida com a pandemia.

“Sobretudo a questão de segurança. Vai ser um dos grandes pontos. Se antes você estava preocupado em saber como era café da manhã, o cliente vai inserir a variável como a questão da segurança, higienização. Tudo isso vai dar forma que esses hotéis vão estar funcionando. Nas reservas, clientes perguntam como estão protocolos se segurança, coisas que antigamente não tinham essa preocupação”, acrescenta Luciano Lopes.

Período de baixa

Na última quarta-feira (17), a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que os serviços ligados ao turismo tiveram, em abril, a maior queda desde 2011: de -63,1% em comparação a março (com ajuste sazonal) e de -72,6% na comparação com abril de 2019.

O desempenho das atividades ligadas ao turismo na Bahia, em abril, ficou abaixo do verificado no país como um todo com -54,5% comparado a março e -67,3% na comparação com abril de 2019.

“Hotelaria fechou 95% por decisão empresarial. Não adiantava ficar aberta. Bares e restaurantes sim [por decisão do governo]. […] Perdemos mais de 80 mil postos de trabalho”, completou Silvio Pessoa. G1