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A economia brasileira fechou 1,1 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada entre os meses de março e abril, informou nesta quarta-feira (27), o Ministério da Economia. Os números, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), são os primeiros a trazer o retrato do impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho brasileiro. A pandemia foi decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março. O Brasil registrou a primeira morte pelo vírus no dia 17 de março.

A pandemia levou governos a adotarem medidas de restrição e isolamento social para reduzir a velocidade do avanço da doença. Essas medidas exigiram o fechamento de grande parte do comércio no país – no início, apenas setores considerados essenciais foram autorizados a permanecer funcionando, como supermercados e farmácias – e também de fábricas, o que provocou a suspensão de contratos de trabalho e também a demissão de trabalhadores.

Os reflexos da pandemia do novo coronavírus estão empurrando a economia mundial para uma forte recessão. No Brasil, estimativa mais recente dos economistas dos bancos é de uma queda de quase 6% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. De acordo com o Caged, em março, quando os efeitos da crise do coronavírus começaram a ser sentidos, foram fechadas 240.702 vagas formais no país.

Já no mês de abril, a eliminação de vagas de trabalho formais se acelerou: foram 860.503 postos fechados, o pior resultado da série histórica da Secretaria Especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia, que tem início em 1992. Com isso, foi a maior demissão registrada em um único mês em 29 anos. O resultado de abril vem da diferença entre as contratações (598.596) e as de demissões (1.459.099) registradas no mês.

O setor de serviços foi o que mais demitiu. Foram fechadas -362.378 vagas neste setor apenas no mês de abril. Em janeiro e fevereiro deste ano, respectivamente, o governo contabilizou a abertura de 113.155 e de 224.818 vagas com carteira assinada na economia brasileira. No fim de março, o Ministério da Economia havia suspendido a divulgação do Caged porque empresas haviam deixado de enviar informações, principalmente referentes às demissões de trabalhadores formais, o que poderia comprometer a qualidade dos dados. E pediu que as empresas retificassem e reenviassem as informações.

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, avaliou que o Caged revelou “números duros” e que “reflete a realidade de pandemia que vivemos.” Entretanto, ele avaliou que o impacto do coronavírus no mercado de trabalho brasileiro foi, até momento, menor do que o visto em outros países, como os EUA, onde o número de pedidos de seguro desemprego já passava de 38 milhões na semana passada.

Bianco citou o programa de manutenção do emprego adotado pelo governo brasileiro que, informou, contou com a adesão de mais de 1 milhão de empresas e beneficiou 8 milhões de trabalhadores.“A preservação [dos empregos] é algo para se comemorar. Temos de olhar o copo meio cheio e não o copo meio vazio. Estamos preservado empregos e renda”, afirmou ele. G1