A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que o casal ficou em silêncio no depoimento à Polícia Federal na quinta-feira (31) por entender que o caso das joias deve tramitar na primeira instância da Justiça Federal, em São Paulo, e não no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ocorre que o próprio juízo da primeira instância, em São Paulo, já avaliou que cabe ao Supremo tocar o inquérito. A Justiça Federal em São Paulo, inclusive, enviou o inquérito para o STF. O debate sobre o local do inquérito, portanto, já foi feito.
Mas, então, por que a defesa do casal Bolsonaro ainda insiste na tese sobre a primeira instância? Juristas e investigadores ouvidos pelo blog dizem que dois objetivos norteiam a estratégia dos advogados. O primeiro é ganhar tempo para elaborar a tese da defesa no caso. O segundo objetivo é considerado crucial em qualquer investigação: não dar espaço para contradições.
Calados, Bolsonaro e Michelle não têm como apresentar versões divergentes. Em depoimentos simultâneos, por mais treinados que fossem pelos defensores, os dois poderiam escorregar e cair em contradições.
“O silêncio decorreu da técnica de depoimentos simultâneos. O receio de Bolsonaro e Michelle reside na possibilidade de contradição com o que disserem Mauro Cid e Lourena Cid”, disse uma das fontes se referindo ao ex-ajudante de ordens e seu pai, que foram ouvidos nesta quinta.
A Polícia Federal tinha a estratégia de “testar” o conteúdo de depoimentos de Mauro Cid que estão em sigilo e assim surpreender os depoentes com informações novas, que eles ainda não sabiam. Dessa forma, a PF queria avançar nas informações que Cid deu, ou, até mesmo, mesmo flagrar os depoentes em contradição. G1