Questionado sobre os inúmeros casos de desvios de conduta da Polícia Militar, o novo comandante da operação, coronel Paulo José Reis de Azevedo Coutinho, foi taxativo na resposta: “A nossa chegada no comando da instituição responde por si só: Corregedoria forte”. O militar foi fundador e comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa especializada no atendimento de ocorrências de alta complexidade e intervenção de alto risco.

Coutinho disse como pretende fortalecer a Corregedoria da PM em sua primeira coletiva à imprensa, realizada na terça-feira (19), no Comando do Quartel General do Largo dos Aflitos. “A atividade correção será diária com objetivo de sempre exaltarmos os bons policiais. Essa é a nossa linha e a instituição me conhece há 34 anos de serviço”, declarou ele, ao lado do coronel Machado, subcomandante-geral da PM. Coutinho  tomou posse do cargo no dia 13 deste mês, em cerimônia realizada na Vila da Polícia Militar do Bonfim.

Em dezembro do ano passado, a força-tarefa da Corregedoria-geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que já prendeu 58 policiais civis e militares acusados pelos crimes de extorsão e envolvimento em grupos de extermínio na Bahia. Foram 14 operações fruto das investigações em conjunto do órgão com as Corregedorias das polícias Civil e Militar e com os órgãos de inteligência. A maioria das prisões foi relada contra a PMs.

Comandante da PM disse que vai fortalecer a Corregdoria  (Fotos: Washington Silva CPE / PMBA)

Perguntando como pretende lidar com as denúncias de abordagens violentas da tropa ao entrar nas comunidades, Coutinho disse que “esse não é nosso objetivo”. “Nenhum policial aprende a atuar desta forma. Ele aprende fazer frente às situações que ele tem como oponente. É muito difícil a gente fazer uma avaliação dessa simplesmente hipotética, diante de um fato que a gente não tem uma conjuntura completa. As ações são desencadeadas de acordo com o que se apresenta no terreno. Há situações extremante difíceis de serem enfrentadas pelo efetivo e infelizmente é preciso o emprego da força para o enfrentamento”, detalhou.

Facções
Na coletiva, o comandante-geral da PM voltou a falar sobre o enfrentamento às facções de fora do estado que vêm atuando em território baiano. “Não prosperarão na Bahia. Enquanto estivermos à frente da instituição, combateremos de forma frontal. Não existirá espaço para elas e, com certeza, desistirão, posso assegurar isso”, garantiu ele, que, no dia da posse, declarou que as facções do Rio e São Paulo não terão trégua. Ele destacou como triunfo o trabalho de inteligência e o aumento do policiamento nas ruas. “ A gente aumenta o nível de ostensividade. O crime não prospera quando o estado está presente e o estado está presente”, assegurou.

A tecnologia na corporação será ampliada para reforçar o enfrentamento à criminalidade. “Nós já temos hoje a utilização de drones em todos os comandos regionais da capital, para levantamento, para mapeamento de áreas e controle de ações criminosas. Mas vamos enfatizar para obter o maior número de informações para antecipar para levar a tranquilidade à população”, disse ele, que pretende aumentar o número de câmeras em Salvador e nas viaturas.

A PM irá realizar novas ocupações de áreas consideradas de maior número de ocorrências. “Temos um levantamento de áreas que apresentam problemas mais contínuos e ocupação neutraliza essas ações criminosas. Temos áreas nos três grandes comandos, mas destacam-se nas áreas do BTS (Baía de Todos-os-Santos) e Central. Todas devidamente mapeadas, acompanhadas pela nossa atividade de inteligência”

Coletivos
Em especial sobre Salvador, Coutinho falou sobre os assaltos a coletivos. “É uma situação preocupante, pois Salvador é uma metrópole com 3 milhões de habitantes e os problemas sociais são enormes e o transporte público é muito vulnerável.  Vamos dar continuidade às ações de enfrentamento, tivemos uma redução significativa de 20% e estamos atentos naos princiapis corredores”, disse o comandante.

Coutinho também comentou as festas paredões que acontecem na cidade, mesmo durante a pandemia. “Já estamos agindo de forma eficaz nos paredões. A primeira medida é a antecipação e a polícia ocupa o espaço  com cuidado. Se chega, fazemos dispersão com o cuidado para não haver efeito colateral para a sociedade”. Questionado sobre o fato de o tráfrico de drogas estar financiando os paredões, como forma de escoar o dinheiro, já que as festas estão proibidas por causa da pandemia, o comandante-geral da PM respondeu: “Quem financia fica a cargo da investigação”. (Correio da Bahia)