Foto: Gabriel Vieira/TV TEM

Você já viu uma pesquisa eleitoral de perto? Sabe como ela funciona? Pouca gente já teve a oportunidade de ser entrevistado e ver como são os questionários e como são feitas as perguntas. Isso porque a ciência estatística permite que os institutos ouçam pouco mais de 2 mil pessoas e encontrem um retrato confiável da opinião de milhões de eleitores naquele momento.

Para explicar como as pesquisas funcionam, o g1 ouviu Mauro Paulino, que tem 35 anos de experiência com pesquisas, sendo 25 deles como diretor-geral do Datafolha. Paulino é atual comentarista político da GloboNews.

Contratação e registro da pesquisa

Os levantamentos eleitorais são caros, por isso, normalmente os institutos de pesquisa são contratados por empresas, veículos de comunicação, partidos políticos. As pesquisas precisam ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em até 5 dias antes da divulgação.

Questionário

O primeiro passo da pesquisa é a definição do questionário, das perguntas que serão feitas aos eleitores. “O questionário é o coração da pesquisa. É ele que abarca todos os assuntos mais palpitantes no momento em que a pesquisa for feita”, diz Mauro Paulino.

Amostragem

Um ponto importante das pesquisas é a amostragem: a escolha do grupo de pessoas com características que representem a população toda. “Uma pesquisa não precisa ouvir mais do que 2 mil pessoas. Às vezes, pode ouvir apenas 1 mil pessoas para representar o total dos eleitores brasileiros, desde que essas entrevistas sejam distribuídas de forma proporcional às encontradas junto à população”, explica Mauro.

Por exemplo, se a população brasileira tem 53% de mulheres, e 47% de homens, a amostra também precisa seguir a mesma divisão. A mesma lógica vale para religião, idade, renda, tipo de cidade, região do país…

Escolha dos entrevistados

Normalmente, os entrevistados são escolhidos por sorteio. O instituto de pesquisa nunca pode escolher quem será o entrevistado, e nem o entrevistado pode se oferecer para dar entrevista. Precisa ser algo totalmente aleatório.

“Muita gente diz que não conhece ninguém que tenha sido o entrevistado. Isso se dá porque, na realização de uma pesquisa eleitoral, com 2 mil a 2,5 mil pessoas, a probabilidade de o eleitor ser entrevistado é de 0,002%. É a mesma coisa que acertar a Mega-Sena. Mas o importante é que todos os eleitores tenham a mesma chance de serem entrevistados”, afirma Mauro Paulino.

Como são as entrevistas

Mauro Paulino explica que, nas pesquisas presenciais, que são preferidas pelos principais institutos, os entrevistadores levam um cartão circular com os nomes dos candidatos. O cartão é circular para que o entrevistado não veja nenhum nome de candidato antes do outro — assim, todos ficam em pé de igualdade. E o eleitor não é induzido a fazer uma escolha, como poderia acontecer se a lista fosse em ordem alfabética ou qualquer outra.

Quando a pesquisa acontece por telefone, isso não é possível. Então, o entrevistador lê a lista de candidatos, provavelmente fazendo um rodízio por onde começar, para não começar sempre pelos mesmos.

Margem de erro e nível de confiança

Se a gente tivesse um instituto de pesquisa capaz de ouvir 100% dos eleitores, não seria preciso falar em margem de erro ou nível de confiança. Mas, como usam amostras de eleitores, é preciso considerar que pode haver pequenas variações naqueles dados encontrados nos levantamentos.

Então, a margem de erro e nível de confiança são limites de precisão das pesquisas. A margem de erro é o máximo de erro que uma pesquisa pode ter. Por exemplo: se um candidato aparece com 20% de intenções de votos, e a margem de erro é de 2%, esse candidato pode ter entre 18 e 22% das intenções de voto. G1