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Até meados da década de 90, o acesso à internet era restrito a colaborações acadêmicas, desenvolvidas por alunos, professores e funcionários de instituições de ensino. Somente a partir de 1995, pessoas que não faziam parte deste grupo passaram a ter o serviço. Em 2022, a Bahia registrou o segundo maior crescimento de internautas do país, com 84,5% da população de 10 anos ou mais de idade conectada à internet.

No total, mais de 10,9 milhões de pessoas utilizaram internet no estado, o que configura um acréscimo de 6% em comparação ao ano anterior, quando 10,3 milhões de internautas foram registrados no estado baiano – número que representava 79,7% da população. O índice de crescimento estadual foi superior a média nacional, de 3,8%: entre 2021 e 2022, o Brasil passou de 155,7 milhões de usuários para 161,6 milhões, o que representa um adicional de 5,9 milhões de um ano para outro.

Os dados são do módulo temático sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento do número de internautas baianos em 2022 possui relação direta com um início tímido da corrida por acesso à internet no estado. Em 2016, quando o Brasil já figurava a lista de países que mais consumiam redes sociais no mundo, apenas 56,1% da população baiana possuía o serviço.

“Há esse estatístico de que, quando mais baixo é o número, mais fácil se torna o crescimento. Sendo assim, ele cresce com mais vigor”, explica a supervisora de disseminação do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.

Somente o estado do Pará registrou um aumento maior do a Bahia em número de internautas. No ano passado, mais de 764 mil pessoas acessaram à internet contra 621 mil de usuários na Bahia. Em termos proporcionais, o estado paraense também registrou o maior índice de crescimento, com 14,2%, seguido por Roraima (+13,1%) e Maranhão (+11,5%). Com 6% de acréscimo, a Bahia ocupou a 11ª posição no ranking.

O acesso à internet tem registrado índices significativos de crescimento desde a sua criação, tomando como métrica o número de usuários ativos na rede. De acordo com o levantamento da empresa Cisco, empresa de equipamentos de rede norte-americana, a América Latina está tendo um crescimento de 18% de crescimento em comparação a 2018, chegando agora a 520 milhões de usuários.

Professor no Departamento de Ciência e Computação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), pós doutor na Universidade da Califórnia e pesquisador nas áreas de redes de alta velocidade e redes 5G, Gustavo Bittencourt Figueiredo aponta dois fatores que influenciaram o crescimento de usuários no estado: aspectos técnicos e sociais.

O surgimento de novas aplicações, no que desrespeito ao aspecto técnico, é capaz de elevar o número de usuários interessados em consumir novidades. “Isso aconteceu na história da internet em vários momentos. Criamos a web, conteúdo vídeo, entre outros, e isso reflete no aumento”, explica, salientando a massificação do streamings de vídeo ao vivo entre 2021 e 2022, como ponto determinante para o índice baiano.

“O avanço do streaming ao vivo permitiu a distribuição de sinal de TV em concorrência com o sinal aberto de televisão. Então, a população, acostumada com a distribuição via satélite, começa a olhar um outra possibilidade”, pontua Figueiredo.

Na perspectiva do fator social, o professor destaca a implementação de serviços, disponibilizados por prefeituras e governos estaduais e federais. “O cidadão é estimulado a consumir os serviços oferecidos pelo Estado, como SAC digital e outras iniciativas, que influenciam nesse consumo, dado a eficiência via internet”, pontua. Correio da Bahia