Agência Brasil

Imagine uma cidade pequena no interior em que a eleição para prefeito está sendo decida por apenas seis eleitores. Esse poderia até ser um conto de ficção, mas essa cidade existe, se chama Sebastião Laranjeira e fica no Centro-Sul da Bahia. No domingo (15), a eleição que escolheu o próximo comandante do município foi decidida por inacreditáveis seis votos. E ela não foi a única a ter uma disputa tão apertada. Outros 11 prefeitos baianos conquistaram o cargo com menos de 100 votos.

Sebastião Laranjeira é uma cidade pacata, como muitos municípios do interior, mas que em tempos de eleição se transforma. Esse ano havia apenas dois candidatos concorrendo à Prefeitura, o ginecologista e mastologista Pedro Malheiros (PSB) e a farmacêutica bioquímica e ex-prefeita Luciana Muniz (PL), mas a disputa foi tão apertada que a população precisou esperar até o último minuto para saber quem tinha vencido.

Pedro ganhou, com 2.268 votos, mas o que impressionou foi que Luciana teve 2.262 confirmações nas urnas. A diferença foi de apenas seis votos. Outros 143 eleitores votaram nulo e 37 escolheram votar em branco.

A Justiça Eleitoral proíbe segundo turno para municípios com menos de 200 mil habitantes, por isso, na maioria das cidades do interior a contagem para a vitória é feita voto a voto. Nas redes sociais, o prefeito eleito comemorou a vitória, mas não comentou o placar.

“Nosso povo votou pela mudança, pelo desejo de um novo futuro, a nossa vitória é de cada um que acreditou no nosso projeto para fazermos uma Sebastião Laranjeiras para todos! Vamos agora, trabalhar com responsabilidade, seriedade e muita dedicação ao nosso povo. Obrigado Sebastião Laranjeiras!”, escreveu Pedro Malheiros.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a população da cidade é de cerca de 11,5 mil habitantes, mas nem todos estão aptos para votar. Pelos comentários feitos nas redes sociais dos dois candidatos é possível perceber que a cidade estava bastante polarizada.

A estudante Juliana Conceição, 28 anos, vota no Recôncavo e contou que disputas eleitorais nas cidades de interior são bastante acirradas. Quanto menor o município, mais frequentes são os embates.

“Isso dá até briga na família. As pessoas ficam sem se falar. Como o número de eleitores é pequeno, cada voto faz diferença, por isso, os candidatos fazem de tudo para convencer cada pessoa. Eles sabem que um voto perdido pode ser também a perda da eleição”, contou.

Em Santa Terezinha, no Centro-Norte, Agnaldo Andrade (PSD) levou a disputa com apenas 23 votos a mais que os 3.409 de Zé de Zila (PP). Em Mulungu do Morro, que fica na mesma região de Santa Terezinha, 31 eleitores decidiram o resultado a favor de Edimario Boaventura (PSD). Já em Itaju do Colônia, no Sul do estado, 44 votos a mais foi o suficiente para fazer de Djalma (PSD) o novo prefeito.

Essa é uma realidade bem distante dos grandes centros urbanos, como Salvador, onde a diferença entre o primeiro e o segundo colocado foi de mais de 500 mil votos. O motorista Antônio França, 35 anos, contou que no interior, assim como na capital, os candidatos lançam mão de todos os artifícios, como carros de som, passeatas, e camisetas, e fazem até visitas à casa dos eleitores.

Ele acredita que em cidades pequenas a proximidade e a interação entre os políticos e o povo são maiores, o que provoca mais paixão. Pare ele no interior as questões política são diversas vezes levadas para o lado pessoal.

“A gente veste mesmo a camisa do candidato. Quando a gente acredita nas ideias dele, defendemos onde a gente estiver. Isso deixa tudo mais animado porque fica um candidato tentando convencer o eleitor do outro a mudar de lado, mas nas famílias, às vezes, dá briga. Lá em casa, então…”, brincou.

Confira as cidades da Bahia em que a disputa foi decidida por menos de 100 eleitores:

Sebastião Laranjeiras – Pedro Malheiros (PSB) – 06 votos de diferença;

Santa Terezinha –Agnaldo Andrade (PSD) – 23  votos de diferença;

Mulungu do Morro – Edimario Boaventura (PSD) – 31 votos de diferença;

Itaju do Colônia – Djalma (PSD) – 44 votos de diferença;

Várzea do Poço – Carneiro (PCdoB) – 48 votos de diferença;

Santa Cruz da Vitória – Professor Maurício (PSDB) – 51 votos de diferença;

Mirangaba – Dirceu Ribeiro (PSD) – 53 votos de diferença;

Jucuruçu – Lili (PSDB) – 57 votos de diferença;

Jaguaquara – Edione (PP) – 58 votos de diferença;

Santanópolis – Vitor do Posto (PP) – 76 votos de diferença;

Macaúbas – Aloísio (DEM) – 82 votos de diferença;

Santo Amaro – Alessandra Gomes (PSD) – 100 votos de diferença;

Confira outros placares apertados:

Jaborandi – Dr. Marcos (PSDB) – 102 votos de diferença;

Cravolância – Ivete (PSD) – 110 votos de diferença;

Cafarnaum – Sueli Novais (PL) – 117 votos de diferença;

Mucuri – Robertinho (DEM) – 117 votos de diferença;

Pé de Serra – Edgar Miranda (PSD) – 129 votos de diferença;

Lafaiete Coutinho – João Vei (PP) – 130 votos de diferença;

Catolândia – Giovanni (PSDB) – 137 votos de diferença;

Lagoa Real – Pedro Cardoso (MDB) – 138 votos de diferença;

Ibirapitanga – Jonilson de Boró (PSD) – 144 votos de diferença;

Jandaraí – Adilson Leite (Avante) – 146 votos de diferença;

Utinga – Joyuson Vieira (PSB) – 145 votos de diferença;

Tanque Novo – Dr. Ricardo (PP) – 152 votos de diferença; (Correio da Bahia)