Dois policiais militares e dois homens morreram, na noite de quarta-feira (28), no bairro do Iapi, em Salvador. Segundo a Polícia Militar, durante uma perseguição a suspeitos de cometerem assaltos, um policial que estava fora de serviço confundiu um agente descaracterizado e os dois trocaram tiros.
Os dois militares mortos eram soldados e foram identificados como Marcelo Santana e Anderson de Sousa Santana. Marcelo era policial do setor de inteligência do Batalhão Gêmeos, que combate roubos a transporte público, enquanto Anderson era lotado no Fórum do bairro do Sieiro.
Na mesma ação onde morreram os policiais, que ocorreu dentro de um bar, um suspeito foi morto. O comparsa dele também morreu momentos antes, em confronto com policiais, quando tentava fugir na mesma região.
Conheça os perfis nos policiais mortos
Anderson de Sousa Santana
Anderson de Sousa Santana estava fora de serviço quando achou que o Marcelo Santana, policial a paisana, assaltava o suspeito. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Ernesto Simões Filho, mas não resistiu.
Segundo familiares, o policial iniciou a carreira militar em 2009, incialmente na Cavalaria. Logo depois, foi transferido para 47ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Pau da Lima).
Em seguida, foi transferido para o Batalhão de Guarda, onde trabalhava em posto do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), no bairro do Sieiro. Anderson Santana era casado e deixa uma filha adulta.
O policial fazia trabalhos sociais com crianças e adolescentes com um vereador de Salvador, e ainda fazia distribuição de cestas básicas, materiais esportivos e brinquedos.
Além disso, ajudava nas ‘vigílias’ das igrejas da região da Liberdade e encaminhava jovens para escolinhas de futebol. O enterro será às 17h desta quinta-feira (28), no Cemitério Bosque da Paz.
Marcelo Santana
Marcelo Santana estava em serviço quando foi atingido. Ele estava a paisana e rendia um suspeito de assalto.
O soldado era lotado na inteligência do Batalhão Gêmeos. Ele era socorrido para o Hospital Geral do Estado (HEG), mas também não resistiu aos ferimentos.
Natural da cidade de Tucano, a 267 km de capital baiana. O policial iniciou a carreira militar em 2008, sempre atuando em unidades especializadas, a exemplo da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) e do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR).
Mestre de karatê, Marcelo Santana era casado e deixa quatro filhos e uma neta. O sepultamento do corpo dele será às 16h30 desta quinta, no Cemitério Bosque da Paz.
Primeiro confronto
Segundo a Polícia Militar, a perseguição começou por volta das 19h30, quando agentes do setor de inteligência do Batalhão Gêmeos faziam monitoramento de roubos a coletivos na região da Avenida San Martin, e desconfiaram do motorista de um carro.
Os policiais acompanharam o veículo a distância em um carro despadronizado e pediram apoio de uma equipe padronizada do próprio batalhão para realizar a abordagem.
Após perseguição, o veículo onde estavam os suspeitos bateu no fundo de um ônibus do transporte público de Salvador, na Ladeira do Iapi. Logo após o acidente, dois suspeitos fugiram em direções diferentes e um homem, que se identificou como motorista de aplicativo, permaneceu no veículo. Ele informou que havia sido vítima de assalto.
Os militares seguiram as buscas pelos foragidos e, já no bairro da Santa Mônica, pediram apoio de policiais da Rondas Especiais (Rondesp BTS). Com a aproximação dos PMs, houve troca de tiros com um dos suspeitos, que foi socorrido para o Hospital Ernesto Simões Filho, mas não resistiu.
Segundo confronto
A PM informou que após essa primeira troca de tiros, policiais militares, ainda em uma viatura despadronizada, foram informados da localização do segundo suspeito. O soldado Marcelo Santana, do setor de inteligência do Batalhão Gêmeos, seguiu a busca em um moto-táxi.
Logo à frente, Marcelo encontrou o suspeito em um bar localizado na rua Astrozildo Sepúlveda, onde também estava um outro policial militar, identificado como Anderson de Sousa Santana. Anderson não estava em serviço. Ele era lotado no Batalhão de Guardas, e trabalhava no Fórum do bairro do Sieiro.
Ao avistar o soldado Marcelo, que rendia o suspeito com arma em punho, Anderson, acreditando se tratar de um assalto, sacou a arma e iniciou uma troca de tiros com o colega. Os três foram atingidos.
O militar que estava em serviço foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por procedimento cirúrgico, mas não resistiu. Já o policial militar que estava no local, mas não estava em serviço, foi socorrido para o Ernesto Simões, onde também morreu.
A PM informou ainda que o segundo suspeito de cometer o assalto morreu no bar. Ele usava foi tornozeleira eletrônica.
Entenda o passa-a-passo da ação policial:
Policiais do setor de inteligência iniciam perseguição a um veículo com suspeitos na Avenida San Martin;
Após perseguição, o veículo com os suspeito bateu no fundo de um ônibus no Iapi;
Após o acidente, dois suspeitos fugiram a pé em direções diferentes
Um motorista de aplicativo que também estava no veículo confirmou que foi vítima de um assalto;
Militares seguiram as buscas pelos suspeitos;
Agentes da Rondas Especiais foram ao local e trocaram de tiros com um dos suspeitos;
O homem foi atingido, socorrido e levado para o Hospital Ernesto Simões Filho. Ele morreu na unidade saúde;
Nas buscas pelo segundo suspeito, policiais militares foram informados da localização do homem
Um PM à paisana seguiu a busca em um moto-táxi;
O agente encontrou o suspeito em um bar na rua Astrozildo Sepúlveda;
Um policial militar que não estava em serviço bebia no estabelecimento comercial;
O militar que participava da ação rendeu o suspeito no bar;
O policial que não estava em serviço, acreditou que se tratava de um assalto;
Ele sacou a arma e iniciou uma troca de tiros com o colega;
Os três (os dois policiais e o suspeito) foram atingidos;
O militar que estava em serviço foi socorrido para o Hospital Geral do Estado, onde passou por cirurgia, mas morreu;
Já o policial militar que estava no local, mas não estava em serviço, foi socorrido para o Ernesto Simões, onde também morreu;
O segundo suspeito de cometer o assalto morreu no bar.
O que dizem as forças de segurança
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) se solidarizou com as famílias dos dois policiais militares e informou que a polícia civil iniciou a coleta de depoimentos de testemunhas. Ressaltou ainda que as perícias solicitadas ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) auxiliarão na apuração da dinâmica do caso.
A Polícia Militar lamentou a morte dos agentes e disse que um inquérito será instaurado para investigar o caso.
A Polícia Civil informou que o caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e que imagens de câmeras de segurança da região estão sendo recolhidas para ajudar na investigação das circunstâncias do fato. G1