(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

O número de casos de coronavírus aumentou em ao menos 12 capitais brasileiras que deram início ao processo de retomada das atividades econômicas. Levantamento no jornal O Estado de S.Paulo apontou que, após o retorno de atividades não essenciais, contatou-se aumento de infectados por dia em São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, na região Sudeste, em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, no Sul, em Brasília, Campo Grande e Cuiabá, no Centro-Oeste, além de João Pessoa e Salvador, no Nordeste, e de Palmas, na região Norte.

Foram consideradas na análise 18 das 27 capitais brasileiras. Atualmente, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking global de casos da Covid-19 em nível global. Na plataforma Worldometers, o País tem 1,5 milhão de confirmações e 64,3 mil mortes provocadas pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos, com 2,9 milhões de casos e 132 mil.

O aumento da covid-19 não é uniforme entre as capitais. Em São Paulo, onde o plano de reabertura começou no início de junho, a quantidade de casos diários subiu 15%, variação que não levou ao aumento de internações.

Em Brasília (DF), onde o governador Ibaneis Rocha (MDB) reabriu o comércio no fim de maio, os índices quintuplicaram ao longo do mês passado. O emedebista decretou estado de calamidade pública por conta da Covid-19 e, mesmo assim, defendeu a reabertura econômica alegando que as restrições já não servem para nada.

De acordo com o responsável por conduzir um estudo nacional sobre a propagação da doença, o epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), disse que o avanço notado nessas capitais “é muito natural”.

“A hora de flexibilizar é quando a curva estiver na descendente. Quando flexibiliza na ascendente, o problema cresce”, explica. “Se a gente impedir o contato entre quem tem o vírus e quem está pronto para receber, conseguimos colocar a curva para baixo e assim dá para começar a reabrir”.

Segundo o pesquisador Emanuel Maltempi de Souza, presidente da Comissão de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a abertura pode ter sido precipitada.

“A taxa de transmissão ficou abaixo de 1 por pouco mais de uma semana. Talvez, tivesse de esperar mais umas três semanas para cristalizar. Desde então a curva foi crescendo exponencialmente mas, por serem poucos casos absolutos no início, é difícil de perceber esse comportamento até a hora que atinge uma dimensão espantosa”, diz. “Chegou o momento em que é preciso tomar uma atitude enérgica para evitar a sobrecarga no sistema de saúde”.