Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O coronel Jean Lawand Júnior, do Exército, levou uma cola para seu depoimento nesta última terça-feira (27) à CPI dos Atos Golpistas. Um dos itens do papel, flagrado em foto pelo jornal “Folha de S. Paulo”, dizia “sem cagoete [sic]”. Senadores quiseram saber o que significava.

O militar foi chamado a depor após a descoberta de mensagens entre ele e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Essas mensagens constavam do celular de Cid, alvo de uma operação da Polícia Federal por suposta fraude no cartão de vacinas de Bolsonaro. Nas conversas, Lawand citava uma mobilização para impedir a posse do presidente Lula.

A cola de Lawand tinha ainda outras orientações, como “não aloprar”. Assim que a foto se tornou pública, virou assunto na CPI. “Eu gostaria de fazer aqui um questionamento final ao depoente. Não cacoete ou não caguetar? Ou seja, não entregar ninguém, não delatar? Eu queria apenas que o senhor me explicasse”, questionou a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Na resposta a Eliziane, Lawand simulou um tique nervoso com a cabeça, e disse que isso era cacoete. A senadora disse: “Ah, então a orientação que veio era no sentido de você não ter tique nervoso?” “Isso”, respondeu Lawand. O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) também comentou a cola.

“Coronel Lawand, na pasta que utilizou no início de seu depoimento estavam observações do tipo “se alimentar, não aloprar, sem cagoete, não perca o emocional , oração, cara serena”. Fiquei na dúvida se era sem cacoete ou não caguetar. Não vou perguntar. Essa é uma duvida que mesmo num momento de inquirição não caberia perguntar”, afirmou Randolfe.

Na CPI, Lawand alegou que “em nenhum momento” falou em golpe de Estado e disse que as mensagens pediam uma manifestação de Bolsonaro para “apaziguar” o país. Governistas e oposicionistas da CPI afirmaram que ele não conseguiu convencer com essa versão. G1