Um cortejo fúnebre em homenagem a Mãe Stella saiu do Terreiro Ilê Opô Ajonjá, no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador, por volta das 9h deste sábado (29). Vestidos de branco, como manda a tradição, dezenas de filhos e filhas de santo do templo religioso liderado pela ialorixá, considerada uma das mais importantes de Brasil, além de representantes de terreiros irmãos, participam da homenagem pelas ruas da capital.

 

O trajeto do cortejo é de cerca de 7,5 km. A previsão é que o corpo de Mãe Stella, que está em um carro do Bombeiros, chegue ao cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, por volta das 11h, onde será enterrado. A ialorixá seria sepultada na cidade de Nazaré, no recôncavo da Bahia, mas o enterro foi transferido para a capital baiana após decisão da Justiça.

 

A ação judicial foi motivada por um impasse entre a companheira de Mãe Stella, Graziela Dhomini, e filhos de santo do terreiro Ilê Axé Opô, fundado pela família da líder religiosa. A decisão da Justiça saiu na tarde de sexta-feira (28), durante o velório da ialorixá, realizado na Câmara de Nazaré. A cerimônia era aberta ao público e contava com a participação de filhos de santo, que tiraram o corpo do local após saberem da determinação judicial.

 

No local, o clima ficou tenso. O corpo de Mãe Stella foi levado do velório direto para Salvador. Ao chegar na capital baiana, foi levado para uma funerária e, em seguida, transferido para o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, no bairro de São Gonçalo do Retiro. No local, filhos de santo participaram de uma cerimônia em homenagem à ialorixá.

 

Mãe Stella morreu aos 93 anos, na quinta-feira (27), no Hospital INCAR, em Santo Antônio de Jesus, também no recôncavo da Bahia, onde estava internada desde o dia 14 de dezembro, quando deu entrada com uma infecção. Desde 2017, Mãe Stella morava na cidade de Nazaré, que fica a cerca de 210km de Salvador. Ela se mudou de Salvador para lá por conta do desentendimento entre os filhos de santo e a companheira dela, Graziela.

 

Com a morte da ialorixá, o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá ficará fechado por um ano, de luto. Neste período, não haverá cultos nem festividades, segundo o que determina a tradição do candomblé sempre que morre uma ialorixá ou um babalorixá. Só no fim de 2019 que o terreiro terá nova ialorixá. A substituição será determinada pelos orixás, com jogo de búzios. A liderança é dada a uma mulher porque o Ilê Axé Opó Afonjá é uma casa de tradição feminina.