Um corpo foi encontrado em uma balde de lixo na manhã desta segunda-feira (3) na Avenida ACM, nas imediações do viaduto localizado em frente a Igreja Universal. Ainda sem identificação, o homem que estava dentro da lixeira tinha um ferimento de tiro na perna. De acordo com informações, há possibilidade que a bala tenha atingido o femural da vítima.
A Policia Civil recebeu a denúncia por volta das 6h40, mas não informou se o corpo estava lá durante toda a madrugada. Seguranças que trabalham na área afirmaram que viram um ‘vai e volta’ constante de homens na área às 4h. Comerciantes contam que a região é ocupada por pessoas em situação de rua.
“Nesse viaduto, durante a noite, fica cheio de pessoas que vivem na rua. Eles pegam papelão, estendem no chão e dormem aí. Porém, como tem muita gente, nem todos conseguem ficar embaixo. Alguns ficam mais à frente, onde encontraram o corpo ali”, conta uma comerciante, que prefere não se identificar.
Ainda de acordo com ela, as confusões entre quem permanece no local são constantes. “Eu não vejo muita coisa porque não fico na madrugada, que é quando eles estão. Mas, vendendo o café aqui, a gente sempre escuta que um roubou o outro, que teve briga e essas coisas”, afirma ela.
Apesar do ferimento ter sido feito à bala, quem estava trabalhando nas imediações da Avenida ACM não ouviu barulho de disparos ao longo da madrugada. “Um colega ficou de plantão e não mencionou nada quando eu perguntei porque a polícia tava aqui. Ele, pelo menos, não ouviu”, relata um segurança.
O Departamento de Policia Técnica (DPT) fez perícia na área onde o corpo foi encontrado e o retirou do local. Em nota, a Polícia Civil informou que o Silc/DHPP foi acionado, na manhã desta segunda-feira (3), sobre o corpo de um homem sem identificação, localizado dentro de um contêiner de lixo. As guias para remoção e perícia foram expedidas e as circunstâncias, autoria e motivação do crime serão investigadas pelo Departamento.
2° corpo em lixeira
Esse é o segundo corpo encontrado em uma lixeira em Salvador em menos de uma semana. Na última quinta-feira (29), um homem, que também não foi identificado, foi encontrado em um tonel de lixo na Travessa Frederico Pontes, na região de Água de Meninos, durante a madrugada.
Comerciantes da área apontaram que a área é um ponto de desova de pessoas mortas. Uma proprietária de bar contou que não foi a primeira vez que o dia amanheceu com um corpo na rua.
“Não é a primeira vez que acontece isso aqui, já deixaram corpos umas três vezes. Nunca em uma lata, mas muitas vezes jogado mesmo. A gente não sabe o que é, se é pessoa em situação de rua ou alguém que mataram longe e trouxeram aqui para largar”, afirma ela, sem se identificar.
Foi ela, inclusive, a primeira pessoa a ver o corpo dentro da lata de lixo. Como chega no início da madrugada para preparar os peixes, ela tomou um susto ao se deparar com o corpo. “Cheguei às 2h e já estava o corpo. Fui pegar o lixo para botar os peixes e aí eu vi. Nem tinha feito cheiro para perceber porque o odor forte do peixe e disfarça”, conta ela.
Policiais militares da 16ª CIPM foram acionados para atender a ocorrência. Os militares acionaram o DPT para a remoção do corpo e realização de perícia. O caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Outro comerciante, que também não diz o nome, ressalta que a área só tem comércio. De acordo com ele, em Água de Meninos, quem trabalha com peixe chega no início da madrugada e fecha as portas, no máximo, até às 13h. Depois disso, o local fica deserto e perigoso.
“É uma área difícil. Não precisa nem escurecer para ficar problemático. Como a gente abre de madrugada e fecha às 13h, daí pra frente a criminalidade rola solta. O pessoal ocupa, arromba estabelecimento. O meu já foi roubado mais de 10 vezes”, lembra ele.
Ainda segundo o empresário, essa característica faz o lugar ser propício para desova. “É um lugar que, principalmente, na madrugada, você chega e sai muito rápido. Além, é claro, de não ter ninguém na rua durante a noite. Então, deixa o corpo sem ser visto e corre pouco risco de ser pêgo”, completa ele.
Entre os comerciantes, ninguém que viu conseguiu identificar o corpo. A perícia do DPT deve revelar a identidade da pessoa deixada no local. Correio da Bahia