Apelidado de ‘G7’, o grupo de senadores independentes e de oposição que integram a CPI da Covid decidiu, em reunião neste domingo, antecipar a reconvocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Inicialmente, o plano era ouvi-lo apenas após a comissão obter mais informações que municiassem a nova oitiva, mas a possibilidade de uma terceira onda de infecções e recorrentes participações do presidente Jair Bolsonaro em atos com aglomeração mudaram o planejamento.
“Como Bolsonaro aglomera, e o governo não apresenta novidade no combate à pandemia, para evitar a terceira onda, decidimos antecipar o novo depoimento do Queiroga para o mês de junho, em vez de esperar um pouco mais”, disse, ao Globo, o senador Humberto Costa (PT-PE), afirmando que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ficou de definir a data exata. Conforme publicação do jornal O Globo, a medida é endossada por Otto Alencar (PSD-BA).
“Queiroga é contra as aglomerações, mas o presidente aglomera todo fim de semana, inclusive em encontro de motos neste fim de semana”, disse. “O presidente não usa máscara, tem postura negacionista em relação às vacinas. Penso que Queiroga está na mesma situação dos ex-ministros Teich e Mandetta, que queriam uma coisa, mas o presidente fazia outra”, acrescentou Otto.
Ainda segundo a publicação, Queiroga chegou a depor à CPI em maio, mas suas respostas foram consideradas evazivas por parte dos integrantes da comissão. A convocação de Bolsonaro, que chegou a ser pleiteada pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), está praticamente descartada. Mesmo senadores de oposição como o petista Humberto Costa afirmam que não há base legal para que a comissão convoque o presidente da República.
Sobre a atuação da CPI na investigação de irregularidades cometidas por governadores, o presidente da comissão, Omar Aziz, afirmou na reunião deste domingo que pretende aguardar a posição do Supremo Tribunal Federal (STF) para saber até que ponto a CPI poderá aprofundar esse tipo de apuração. A posição de aguardar o Supremo foi aceita como consenso pelo “G7”. Por ora, contudo, o depoimento do ex-secretário de Saúde do Amazonas está mantido, pois já fazia parte do escopo inicial da CPI, com a crise de abastecimento de oxigênio no estado.