A crise que levou à demissão de Gustavo Bebianno desgastou a imagem do presidente Jair Bolsonaro, mas a hora é de virar a página e focar na reforma da Previdência e no pacote anticrime, avalia a equipe presidencial. Para isso, o próprio Bolsonaro vai assumir o comando direto de ações para aprovar as duas propostas no Congresso, promessas feitas em sua campanha a seus eleitores.

“É hora de virar a página, sair da agenda negativa e partir para a positiva”, diz um assessor direto do presidente. Dentro dessa estratégia, Bolsonaro decidiu levar pessoalmente ao Congresso sua proposta de mudança nas regras de aposentadoria no país. E fará um pronunciamento à nação defendendo a medida, que pode ser por cadeia de rádio e TV ou transmissão ao vivo pelas redes sociais.

Ele vai também pedir a seus ministros, na primeira reunião do seu Conselho de Governo após sua cirurgia, que todos ajudem no trabalho para aprovação da reforma da Previdência e do pacote anticrime. E buscará se aproximar do Legislativo. Na quarta-feira (20), se reunirá com seu partido, PSL, e tomará café da manhã com líderes da base aliada na quinta-feira (21).

O presidente foi avisado por líderes aliados que ele precisa urgentemente organizar sua base aliada na Câmara, que até agora não existe formalmente. Na avaliação de governistas, ninguém pode garantir que, hoje, há votos para aprovação de projetos importantes do Palácio do Planalto no Legislativo.

A vantagem, destacam aliados, é que o governo, apesar de ter perdido tempo neste início de administração com crises geradas por ele mesmo, ainda dispõe de espaço no cronograma de votações para construir sua base de apoio no Legislativo. As suas principais medidas só vão a votação, no cenário mais otimista, a partir de maio.

E, para facilitar a aprovação de suas propostas, o Palácio do Planalto já definiu que a prioridade é a reforma da Previdência. O próprio presidente deixa isso claro ao decidir levar pessoalmente a reforma da Previdência ao Legislativo, deixando para os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Justiça, Sergio Moro, a tarefa de entregarem o pacote que endurece as penas para crimes de corrupção e organizado. (Blog do Valdo Cruz) Foto: Rafael Carvalho/governo de Transição