Após o sucesso alcançado com o lançamento do primeiro EP, intitulado com o nome de “EP 7” (por trazer sete canções inéditas), o cantor Pablo sentiu necessidade de dar continuidade com o formato não só pela aceitação do público, mas para alcançar a corrida tecnológica que vem afetando a música. Diante disso, foi lançado neste mês de junho o segundo EP, “Meu Coração”, composto por mais quatro canções inéditas.

Apesar de considerar que a era digital permite ter mais conteúdo para mostrar em pouco espaço de tempo, e o EP ser um formato de divulgação mais dinâmico, o artista confessa que ainda tem gosto pela produção dos CDs, mesmo que para isso seja necessário “levar um tempo para elaborar e ter toda uma produção”.

“Eu ainda sou dessa era antiga de gostar do CD, mas a velocidade desse meio digital está tão grande que, se a gente não acompanhar, perde um pouco de espaço. Música hoje dá uma impressão que está descartável, você lança uma música hoje, daqui a 30 dias você tem que estar lançando outra. Então, gravei, na verdade, umas oito músicas e escolhemos quatro para lançar primeiro, e daqui a um tempo vamos lançar as outras”, adiantou.

As quatro novas canções que compõem o lançamento são “Cicatriz Na Alma”, “Prego e Martelo”, “Viver de Fachada” e “Fake News (Ei Mô)”. Criações de parceiros do artista como Tierry, Felipe Escandurras e Micael Lucas, as canções são resultado de um conhecimento do perfil romântico tradicionalmente cantado por Pablo. Por esse entrosamento que vem dando certo, o cantor faz uma comparação: “Esses compositores que são meus amigos, que eu sempre estou gravando. Eles são como alfaiates”.

Um dos principais precursores do ritmo do arrocha pelo Brasil, Pablo faz questão de enaltecer a origem baiana do segmento que nasceu cidade de Candeias. Apesar de incrementar as suas canções com outros instrumentos musicais, o cantor destaca a origem simples do ritmo composto pelo uso de teclado e saxofone. Ele, porém, confessa que inicialmente teve receio em adicionar novas batidas nas suas faixas.

“Eu acho bacana alguns artistas manterem a realidade do início. […] Tinha muito medo de mudar e as pessoas dizerem que ‘Pablo saiu da origem dele’. […] No entanto, minha intenção foi crescer, conquistamos um espaço muito grande e o cachê começou a aumentar também. Eu me preocupei muito com fugir das minhas origens, acrescentei por necessidade os instrumentais, mas eu mantive a minha linha romântica”, defende.

Sobre o uso do termo arrocha por outros grupos musicais, Pablo acredita que muitos artistas ainda hoje se apropriam de forma incorreta do termo e admite: “Houve uma época que isso me ofendia muito pelo fato do arrocha ter surgido aqui no Recôncavo e as pessoas se intitularem como criadores, mas hoje eu sou mais tranquilo, porque o público já sabe”.

Pablo, inclusive, acredita que “o jogo virou” ao analisar o que alguns cantores sulistas vêm apresentando atualmente. “Embora qualquer um que grave lá no sul, dizendo que o estilo foi criado lá ou nasceu lá, hoje tem vários artistas do meio sertanejo cantando e fazendo o arrocha. Eles dizem que é o sertanejo e nós sabemos que não é. Então a cópia está sendo de lá para cá”. Bahia Notícias