Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por Marcelo Auler, em seu blog e para o Jornalistas pela Democracia – Depois de conquistar seus 15 minutos de fama ao atacar, em 4 de maio de 2018, a Vigília Lula Livre, montada em frente da sede da Polícia Federal de Curitiba, o delegado federal Gastão Schefer Neto conseguiu um novo emprego. Em portaria assinada no dia 19 passado, o Ministério de Justiça liberou o policial para tornar-se assessor do ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado pela ministra/pastora Damares Alves.

Uma espécie de prêmio. Schefer Neto ficou famoso em maio do ano passado ao destruir a aparelhagem de som montada na Vigília Lula Livre, 27 dias depois da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Morador no bairro de Santa Cândida, onde fica a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, alegou que o barulho da perturbava o sossego de sua casa e não permitia o sono de seu filho.

Com isso, mostrando-se totalmente sem equilíbrio, partiu para a violência. Como noticiamos na época na postagem DPF que atacou vigília pró-Lula levou bomba no psicotécnico, ele já era considerado “um perturbado” por seus próprios colegas da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Por duas vezes foi reprovado em exames psicotécnicos da própria Polícia Federal ao tentar o ingresso inicialmente como Agente de Polícia e depois como Delegado. Em ambos os casos garantiu a vaga através de ações judiciais.

O delegado jamais foi responsabilizado pela destruição do som que provocou em maio de 2018. No mês seguinte, em junho, foi fotografado pintando no asfalto de uma das ruas onde a Vigília estava montada a palavra “Bolsonaro”.

Declaradamente um cidadão de direita, Schefer foi candidato a deputado federal por duas vezes. Em 2014, concorreu a Câmara Federal pelo Partido da República, na coligação Coligação: União Pelo Paraná (PSDB / DEM / PR / PSC / PT do B / PP / SD / PSD / PPS). Recebeu o apoio de 0,41% dos eleitores – 23.239 votos -, ficando em uma suplência.

Tal como prevíamos na matéria postada em maio de 2018 e citada acima, depois de protagonizar a agressão a Vigília Lula Livre, voltou a concorrer ao cargo deputado federal na eleição do ano passado. Desta feita pelo PSL obtendo apenas 4.670 votos (0,08% dos válidos).

No estado ele é conhecido por seu discurso antipetista e pela defesa que faz das mesmas teses que foram bandeiras de campanha de Bolsonaro, tais como a liberação do porte de armas. Uma de suas bandeiras de luta é a violência para combater a violência. Ele ainda apoia a criminalização dos abortos, é contrário a cotas para mulheres na política, assim como se contrapõe a lei do abuso de autoridades.

Apesar desse seu perfil e da sua inexpressiva votação nas eleições, agora trabalhará no ministério que tem por objetivo defender as mulheres e as bandeiras dos Direitos Humanos. Algo que soaria bastante contraditório, não fosse o ministério comandado pela pastora Damares.

Na Polícia Federal ele estava lotado na Delegacia Fazendária. Seu empréstimo para o ministério de Dama foi sancionado pelo secretário executivo do ministério da Justiça, Luiz Pontel de Souza, através da Portaria 1.888, de 19 de novembro. Nela consta que o salário do delegado correrá por conta do ministério onde passará a trabalhar.