As investigações da Polícia Civil da Bahia apontam que Adriano da Nóbrega, o miliciano morto em ação policial na cidade de Esplanada, já vinha visitando a Bahia há cerca de dois a três anos. “A gente ainda não tem uma atuação mais direta ou confirmada, mas a gente tem uma movimentação dele [Adriano] de forma continuada, visitas ao estado continuamente há cerca de dois, três anos”, disse Marcelo Sansão, diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco).

“Ele vinha alegando que estava em período de férias, alegava essa questão de correr vaquejadas, gostava do circuito de vaquejada no estado, trazia os animais, alegava inclusive a intenção de compra de propriedade, de um haras, e uma pista que ele pudesse treinar e correr com os animais”, acrescentou.

O delegado não informou o número exato das vezes que Adriano da Nóbrega esteve na Bahia, mas detalhou que a polícia quer saber qual a intenção dele em permanecer no estado. A polícia também investiga se Adriano está envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro e se o ex-capitão do Bope tinha interesse em estabelecer organização criminosa na Bahia.

“A intenção que ele [Adriano] demonstrou sempre com algumas pessoas, que ele verbalizava, era da compra de propriedades. Esse levantamento já vem sendo feito. A gente só não pode detalhar porque está em uma fase de início e para que não prejudique as investigações. A gente faz acompanhamento para possível análise do estabelecimento da organização criminosa aqui no estado. Essa é a nossa preocupação. É um monitoramento que a gente faz com os outros estados dessa movimentação de células que vêm de outro local para se estabelecer”, explicou Sansão.

A Polícia Civil também investiga se o miliciano sabia da operação e planejava fugir para o Rio de Janeiro. Segundo o delegado Marcelo Sansão, a polícia desconfia que, dois dias antes de ser morto, Adriano foi informado sobre a operação. Adriano ainda estava na fazenda de Leandro Guimarães, em Esplanada, onde passou vários dias. Leandro é suspeito de ter dado suporte ao miliciano.

Ele foi preso, mas acabou solto na última terça-feira (11), após pagamento de Fiança. Leandro contou em depoimento que conheceu o miliciano nas vaquejadas em Esplanada. Segundo Marcelo Sansão, ele disse à polícia que, na sexta-feira (7), o miliciano perguntou sele conhecia alguém que ajudar ele em uma viagem ao Rio de Janeiro.

“Ele abordou Leandro cobrando uma indicação de alguém que pudesse dirigir, dar suporte, segundo ele [Leandro], para uma viagem ao Rio de Janeiro. O motorista iria dirigindo o carro dele [de Adriano], para que ele retornasse com a família para o Rio de Janeiro”, disse.

Fazenda de Leandro Guimarães, onde Adriano da Nóbrega estava abrigado antes de ir para sítio em Esplanada — Foto: Reprodução/TV Bahia

No sábado (8), dia seguinte do pedido de Adriano, apenas a mulher e a filha dele deixaram a fazenda de Leandro, de carro, com destino ao Rio de Janeiro. Os motivos que levaram Adriano a ficar em Esplanada ainda estão sendo investigados, mas a polícia aponta que ainda no sábado, o ex-capitão do Bope decidiu mudar de esconderijo, conforme Leandro relatou à polícia em depoimento.

“Segundo Leandro, ele (Adriano) teria ficado em um estado emocional alterado e, consequentemente, pedido a ele para que o levasse a uma propriedade que ele já tinha visto e, nessa propriedade, era intenção dele ali ficar”, falou o delegado

“No caminho, ele ameaça de forma direta. Segundo Leandro e a esposa, de ameaças de morte mesmo, de que iria agir de forma enérgica com ele, com a esposa, com a filha, se ele indicasse à polícia a localização dele. Ou seja, há uma suspeita, em virtude desses eventos, de que tenha tido algum vazamento de informação de uma possível operação policial”, contou Sansão.

Adriano foi morto em um sítio que pertence ao vereador do PSL na Bahia, Gilsinho da Dedé, que em nota afirmou não conhecer Adriano. O G1 perguntou à SSP-BA se Gilsinho está sendo investigado, mas foi informado de que, por causa da Lei de Abuso de Autoridade, a informação não poderia ser passada. A polícia disse apenas que o vereador foi ouvido. G1