Cleia Viana / Câmara dos Deputados

A bancada baiana na Câmara Federal se dividiu na votação da PEC dos Precatórios. O texto permite ao governo federal adiar boa parte das dívidas decorrentes de sentenças judiciais que teria de pagar em 2022 e nos anos seguintes, e muda a regra de correção do teto de gastos. Com isso, o governo ganha espaço adicional de gastos sob o teto. A matéria vem sendo apelidada pela oposição como “PEC do Calote”. Dos 38 deputados baianos, 14 votaram contra e 24 foram favoráveis à proposta.

A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) se pronunciou contra o resultado da votação. “O governo levou duas horas fazendo uma obstrução, colocando seus líderes para falar, pra poder alcançar um quórum que lhe permitisse ganhar com 312 votos, ou seja, 5 votos acima do quórum que precisava”, declarou.

A socialista reforçou o compromisso de luta contra a proposta que irá prejudicar sobretudo a educação. “Para garantir isso, teve que, inclusive, modificar o funcionamento da Casa e permitir que os deputados que estão em menção fora do País pudessem votar. No tapetão ganharam, mas a luta continua. Luta contra a PEC dos Precatórios, que dá calote nos precatórios dos estados e municípios e, creio, que não tenha compromisso também com a educação”, advertiu.

Já o deputado federal Alex Santana reagiu contra a pressão do ex-ministro Ciro Gomes, que ameaça desistir da corrida presidencial de 2022 caso a bancada do PDT na Câmara Federal não mude o entendimento e desista de apoiar a PEC dos Precatórios. Na visão do baiano, “Ciro está antecipando o processo político do ano que vem”. “Talvez seja um receio, um impacto, do eleitor no ano que vem. Talvez ele deva se preocupar com isso”, declarou.

“Na Câmara, a gente não pode ficar tomando decisões que tragam um benefício a um segmento político pensando em eleição. A nossa decisão foi atender um segmento que mais precisa, que são mais 50 milhões de brasileiros”, emendou. Questionado se pretende mudar o voto, o parlamentar deixou a posição em aberto. “É muito difícil eu mudar. É muito difícil eu mudar. Mas, como na política a gente não pode ter palavra de rei”, ventila.

Indagado, ainda, se vai continuar no PDT no ano que vem – já que sofre um processo de expulsão movido pelo diretório estadual -, Santana é sucinto. “Eles não me querem”, finaliza. O deputado federal Félix Mendonça Jr. (PDT), por sua vez, afirmou que, se o partido mudar a orientação, vai seguir e pode mudar de voto. “O partido deve se reunir, deve tratar do assunto. Vou seguir a orientação do partido”, declarou. Tribuna da Bahia