Divulgação

Dez capitais brasileiras mostram sinal de aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), aponta o boletim de monitoramento semanal da Fiocruz, o InfoGripe, divulgado na quinta-feira (19) com dados até o dia 14 de novembro. A SRAG pode ser causada por vários vírus respiratórios, mas, neste ano, quase 98% dos casos no país têm o novo coronavírus (Sars-CoV-2) como causa, segundo dados da fundação.

As tendências sempre se referem ao período anterior à data do boletim. Por exemplo: as tendências de longo prazo apontam para o que tem sido visto nas 6 semanas anteriores a ele em cada capital; já as de curto prazo apontam para as 3 semanas anteriores. “Ou seja, quando a tendência de longo prazo indica crescimento, é muito grande a chance de que, nas próximas semanas [sem precisar quantas], essa tendência se mantenha se não houver nenhuma ação coletiva”, explica Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

Veja as tendências:

  • Rio Branco foi a capital com o sinal mais claro de que houve crescimento de casos nas últimas 6 semanas.
  • Belo Horizonte, Florianópolis, João Pessoa, Natal, o Plano Piloto de Brasília e arredores (DF), São Luís e Vitória tiveram sinal moderado de crescimento nas últimas 6 semanas.
  • FlorianópolisJoão Pessoa São Luís já apresentam a tendência de crescimento a longo prazo há pelo menos 6 semanas. Natal tem a mesma tendência há 4 semanas, o Plano Piloto de Brasília e arredores e Rio Branco há 3. Vitória apresentou tendência de crescimento nas últimas duas semanas. É a primeira vez que Belo Horizonte aparece com tendência de crescimento a longo prazo desde o início da queda nos casos após o pico da pandemia.
  • Goiânia e Palmas tiveram sinal moderado de crescimento nas últimas 3 semanas.
A tendência de aumento nos casos nas capitais já vinha sido apontada em boletins anteriores da Fiocruz – mas, desta vez, a quantidade de cidades sob alerta de crescimento de casos aumentou de 9 para 10 capitais. A fundação alerta, entretanto, que a situação ainda é muito diferente entre as várias regiões do país. Algumas capitais que haviam apresentado sinal de crescimento no último boletim, por exemplo, voltaram a ter uma estabilização, inclusive a longo prazo: Belém, Fortaleza, Maceió, Macapá e Salvador.

Já Manaus teve sinal moderado de queda, mas, alerta Gomes, o dado pode ter sido influenciado pelo apagão de dados do Ministério da Saúde

Interrupção na queda

Os dados do boletim indicam uma possível interrupção na queda de casos de SRAG no Brasil, ou seja: é possível que os casos estejam parando de cair no país. Se essa tendência for confirmada, diz Marcelo Gomes, seria o início de uma estabilização (platô) no número de casos de SRAG desde o início da queda, entre o fim de junho e o início de julho. “A média móvel se mostra estável desde a semana [epidemiológica] 43 [de 18 a 24 de outubro], mas a confirmação virá nas próximas semanas”, diz Marcelo Gomes.

Apagão de dados

O apagão de dados que atingiu a rede do Ministério da Saúde há cerca de duas semanas também pode ter prejudicado as estimativas do boletim – o que deve ser corrigido nas próximas semanas, diz a Fiocruz. O problema atrasou a atualização de casos e mortes pela Covid-19 e, também, dos dados de SRAG das últimas duas semanas epidemiológicas (de 1º a 14 de novembro). “Tal alteração pode resultar em eventual perda de qualidade da estimativa de casos recentes em alguns locais. Como o sistema é recalibrado semanalmente, eventual perda de precisão deve ser reduzida gradativamente nas próximas semanas”, diz o boletim. G1