Foto: Rennan Calixto/GOVBA

Um dos destinos turísticos mais procurados da Bahia, Morro de São Paulo é uma vila que guarda belezas naturais e praias paradisíacas no coração da Ilha de Tinharé, baixo-sul do estado. Se a natureza é um atrativo que faz do morro ‘point’ de turistas brasileiros e estrangeiros, a economia do local é aquecida por consequência.

Só em 2018, 400 mil pessoas visitaram a vila, de acordo com a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur). Com o crescimento das demandas de visitação nos últimos dez anos, o número de hotéis e pousadas mais que dobrou. Antes, Morro de São Paulo tinha 60 lugares de hospedagem. Agora, são 134, com 2.378 apartamentos.

Ao todo, são 7.412 leitos para turistas, segundo dados da Secretaria de Turismo de Cairu, cidade onde a vila fica. Para alimentar e entreter todas essas pessoas, o número de bares e restaurantes quadruplicou: em 2019 eram 30 estabelecimentos, hoje são 120.

A 45 minutos de Morro de São Paulo, cerca de 65 km, está a cidade de Maragogipe – no recôncavo baiano. Apesar de lá o cenário ser completamente diferente, também são os recursos naturais que aquecem a economia do município.

Agricultura

Se em Tinharé o que faz o dinheiro circular é o turismo, no recôncavo as riquezas vêm da agricultura: 12% do Produto Interno Bruto (PIB) da região sai do campo. A agricultura é uma cultura tão forte que a maioria das pessoas mora na zona rural.

O Agricultor Antônio José da Cruz, por exemplo, fala da terra fértil presente na região da entrada do recôncavo. “Tudo que plantar dá. A minha terra produz aipim, inhame, batata”, disse Antônio.

“É uma região onde Pero Vaz de Caminha escreveria sem temor que: ‘se plantando, tudo dá’. A diversidade é muito grande”, pontuou Armando Avena, economista e professor

Em Maragogipe, por exemplo, 60% dos habitantes vivem nos distritos. A maior parte, uma média de 70%, do que é produzido entre frutas, verduras, hortaliças e raízes, são vendidos para centrais de abastecimento (ceasas), feiras livres, mercados e restaurantes – principalmente da região metropolitana de Salvador.

Outros 20% da produção é destinada à merenda escolar do município. Em Maragogipe, 7 de cada 10 escolas ficam no campo. Os produtos frescos são entregues nas instituições pelo menos três vezes por semana. Os 10% restante fica na própria comunidade para alimentar as famílias que trabalham na cidade.

“Trinta por cento da agricultura familiar é adquirido pela rede municipal [escolar] de Maragogipe. Isso faz com que nós tenhamos uma boa alimentação na escola”, afirmou Fabiano Viana, diretor de uma escola do município.

E esses produtos, colhidos frescos nas comunidades, são aprovados pelos estudantes. “A gente gosta porque [os alimentos] são saudáveis as merendas do campo”, contou a aluna Camila Andrade.

Formado por 19 municípios, o recôncavo baiano tem uma das produções agrícolas mais diversificadas do estado. A diversidade na lavoura garante sustento para as famílias que vivem nas zonas rurais o ano inteiro. Apesar disso, as cidades tem em comum um produto que todo mundo aposta no cultivo: a mandioca. A raiz não é comercializada somente do jeito que é tirada da terra.

Muitos agricultores transformam a mandioca em farinha, usando maquinários artesanais dentro de casas especializadas para a produção. Só em Maragogipe são 1.400 casas de farinha, que garantem o sustento para os donos das propriedades locais.

“Trabalha eu, meu cunhado, minha família e a vizinhança é bem participativa”, disse Benedito Chabi, agricultor e produtor de farinha. “Antes a gente precisava sair daqui para procurar uma melhoria de vida. Agora, a gente já tem aqui”, acrescentou Manoela Nascimento, cooperada. G1