Reprodução O Globo

O miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega morreu após ser atingido com um tiro de fuzil e outro de carabina disparado por dois policiais militares da Bahia. É o que informa o registro de ocorrência que relata a morte do criminoso, no domingo (9).

Segundo peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Bahia, dois tiros também foram disparados por Adriano, em reação à tentativa de prisão, e teriam atingido o escudo de um dos PMs. Nenhum policial se feriu na ação.

“Olhando preliminarmente enxergamos duas marcas provenientes de impactos relevantes. As equipes agora analisarão se existem fragmentos de chumbo ou cobre, presentes em projéteis”, explicou o diretor do DPT, Élson Jefferson Neves da Silva.

Pescoço e ombro atingidos

Segundo Élson a necropsia no corpo de Adriano atestou duas perfurações por arma de fogo. Uma entre o pescoço e a clavícula e outra no tórax.

O registro de ocorrência foi feito no Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), da Bahia.

De acordo com o relato do tenente da PM Juarez Moreira Santana, no início da manhã de domingo (9), um grupo de policiais se aproximou da cerca de arame farpado do sítio onde o miliciano estava escondido.

Do lado de fora, avistaram um homem com as mesmas características de Adriano, como havia sido descrito por um morador da região,– que não se identificou por medo de represálias.

Neste momento, segundo o tenente, Adriano viu a aproximação dos policiais, “sacou uma pistola de cor preta” e entrou no imóvel, contou o policial.

A casa de um quarto foi cercada. Do lado de fora, o tenente conta que anunciou a Adriano a ação policial: “determinando que o indivíduo saísse do imóvel”. “Entretanto, não foi atendido”, diz o registro.

Três policiais foram destacados para entrar na casa: o tenente Santana e os soldados identificados como Derick e Gama.

Derick usava um escudo balístico para proteger o trio, além de uma submetralhadora e uma pistola, de calibre nove milímetros. De acordo com o depoimento, ele não atirou contra Adriano.

O tenente vinha atrás com um Fuzil Automático Leve (FAL) e uma pistola. O soldado Gama trazia uma carabina e uma pistola.

No relato, o tenente conta que o soldado Gama arrombou a porta com um instrumento conhecido como ariete. A partir deste momento, Adriano, armado com uma pistola, segundo o depoimento, começou a atirar.

O tenente e o soldado Gama revidaram. Um com o FAL e o outro com a carabina. A quantidade de disparos feitas contra Adriano não está relatada no documento. Dois tiros o atingiram.

O miliciano, acusado de ser um dos integrantes do chamado Escritório do Crime e investigado nas chamadas “rachadinhas” do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, estava num espaço que liga a sala aos quartos e banheiro, onde caiu ferido.

Ainda de acordo com o depoimento, após o confronto, Adriano aparentava estar vivo, foi socorrido e morreu num hospital da região.

O Instituto Médico Legal da Bahia liberou na terça-feira o corpo para a família de Adriano. O laudo da perícia relata anemia profunda, politraumatismo e perfuração.

Nesta quarta, a Justiça proibiu a cremação, pedida pela família, por alegar que faltavam documentos. G1