Agência Senado

Ao longo de sete horas de depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (28), a advogada Bruna Morato relatou uma rotina de ameaças a médicos da operadora de saúde Prevent Senior durante a pandemia de Covid.

Ela apontou falta de autonomia dos profissionais, exigência da prescrição de remédios ineficazes e o envolvimento da empresa em um “pacto” com o chamado “gabinete paralelo” do Palácio do Planalto, que, segundo a CPI, orientava o presidente Jair Bolsonaro sobre condutas para o enfrentamento da pandemia.

A advogada representa 12 médicos que trabalharam para a operadora de saúde e os ajudou a elaborar um dossiê, formado por mais de 10 mil páginas, com denúncias sobre a operadora. A Prevent Senior é acusada de ocultar mortes de pacientes de Covid e de prescrever o chamado “kit Covid” sem o consentimento dos pacientes.

A empresa nega as acusações e afirma que sempre atuou dentro de parâmetros éticos e legais. Argumenta que sempre respeitou a autonomia dos médicos e nega fraude em estudo realizado para testar eficácia da hidroxicloroquina no combate à Covid-19. No último dia 22, à CPI, o diretor-executivo da Prevent Senior também negou ocultação de dados para esconder mortes em razão da doença.

Ao final da reunião da comissão parlamentar de inquérito, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, disse que o depoimento de Bruna Morato foi o mais impactante que ouviu e solicitou à Polícia Federal proteção para a advogada — durante o depoimento, ela relatou que já teve o escritório invadido.

Na audiência, senadores criticaram a falta de atitude do Conselho Federal de Medicina (CFM) e dos conselhos regionais de medicina diante das acusações contra a operadora.

“Qual é a teoria que eu tenho na minha cabeça agora? O governo federal, o gabinete paralelo, o Conselho Federal de Medicina e a Prevent Senior atuaram em conjunto para permitir que essa situação acontecesse”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

A CPI aprovou requerimento que pede à Procuradoria da República em São Paulo e no Distrito Federal e também à Polícia Federal que investiguem possíveis omissões por parte do CFM, do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). G1