Agência Brasil

Uma semana após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar a vacinação para crianças de 3 a 5 anos contra a infecção covid-19, apenas Salvador e Camaçari começaram a vacinação desse público. As demais 415 cidades – o que equivale a 99,5% do total de 417 municípios baianos – não possuem doses suficientes para imunizar os pequenos.

Os municípios também aguardam que o Ministério da Saúde (MS) emita nota com orientações para a imunização desse público. As prefeituras estão esperando  o documento para elaborarem, junto com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), o planejamento para o serviço.

Por meio de nota, a Sesab informou que a última vez que recebeu doses de CoronaVac do MS foi em 24 de fevereiro deste ano, quando uma remessa de 770.800 doses chegou ao estado. As vacinas enviadas em fevereiro foram distribuídas aos municípios e utilizadas no público-alvo acima de 5 anos.

Segundo a pasta, a Bahia tem armazenadas 80 mil doses, o que é insuficiente para atender o público-alvo de 3 e 4 anos, estimado em 410.459 pessoas no estado. “Destacamos que o Ministério da Saúde ainda não emitiu Nota Técnica sobre o imunobiológico: o intervalo entre as doses permanece 28 dias? A dose é a mesma utilizada nas outras faixas etárias? A recomendação para a imunização de imunossupressos maiores de 5 anos é que seja utilizado o imunobiológico da Pfizer. As crianças de 3 e 4 anos devem utilizar a CoronaVac ou aguardar alguma recomendação especial? O estoque disponível deve ser utilizado inteiramente como primeira dose, sendo assegurada a segunda dose em tempo hábil pelo Ministério da Saúde ou deve-se reter 50% para assegurar as duas doses?”, enumerou a Sesab.

A secretaria acrescentou que “não há informações sobre novas remessas” e que “a Central Estadual tem 81.390 doses armazenadas e aproximadamente 50 mil nas Centrais Regionais”. O levantamento por  município, ainda está sendo realizado.

Etapas do processo 

A Anvisa autorizou a CoronaVac em crianças a partir de 3 anos no dia 13 de julho. O imunizante é produzido no Brasil pelo Instituto Butantan. Esse público receberá a mesma dose que é aplicada na faixa  de 5 a 17 anos e nos adultos. O presidente do Conselho Estadual de Saúde, Marcos Sampaio, explicou que após a liberação, existem  2 etapas:

“O Ministério da Saúde precisa emitir a nota informando quais as orientações para a aplicação das doses, quando as novas remessas serão enviadas e qual será a quantidade. Com base nas informações os municípios definem estratégias”.

Ele disse que a Sesab está fazendo o levantamento de quantas doses da CoronaVac existem no estoque. Enquanto isso, os moradores do interior aguardam para imunizar as crianças mais novas.

Em Cachoeira, no recôncavo, a agricultora Janete Oliveira, 55 anos, tem dois netos em idade de receber o imunizante e afirma que está bastante ansiosa. “Todo mundo na minha casa já tomou a vacina, faltam apenas meus netos. A gente fica com medo, porque perdemos dois amigos para a covid”, disse.

Moradores de cidades mais populosas, como Lauro de Freitas e Feira de Santana, também estão apreensivos. As duas cidades informaram que estão aguardando o parecer do Ministério da Saúde.

A coordenadora de Imunização de Vitória da Conquista, Patrícia Fernandes, contou que são cerca de 11 mil crianças nessa faixa  na cidade. “Temos doses da CoronaVac em estoque, mas não o suficiente para atender todo esse público, porque as doses estão sendo usadas para imunizar também o público comum, junto com a Pfizer. Estamos aguardando essa nota técnica para levantar as doses necessárias”, explicou.

A Secretaria de Saúde de Juazeiro informou, em nota, que aguarda a autorização e posicionamento do Núcleo Regional de Saúde Norte. E Itabuna disse que espera pela reunião da Comissão Intergestora Bipartite (CIB) para definir os critérios, cronograma e repasses de doses.

Nota Técnica

Às 21h desta terça-feira (19), o Ministério da Saúde divulgou a Nota Técnica sobre a imunização das crianças de 3 a 5 anos. Segundo a recomendação, o processo deve começar pelas crianças dessa faixa-etária imunocomprometidas e depois, as crianças com 4 anos, seguidas daquelas de 3.

O intervalo entre a 1ª e a 2ª doses da CoronaVac deve ser de 28 dias. A pasta recomenda que, para o público a partir dos 5 anos, seja aplicada a vacina da Pfizer, já aprovada para a faixa de 5 a 11 anos.

A nota do MS, no entanto, não estabelece prazo para envio de novas doses e diz que a pasta está em “tratativas com o Instituto Butantan”.

Salvador e Camaçari

Antes de liberar a tão esperada Nota Técnica na noite de ontem, o Ministério da Saúde havia divulgado para a imprensa que recomendava aos municípios e estados a utilização “dos estoques [de CoronaVac] existentes nos estados e municípios. No entanto, o Ministério da Saúde segue em tratativas para aquisição de novas doses. A decisão será formalizada em nota técnica aos estados, bem como o cronograma de entrega de doses adicionais”, diz o informe.

A prefeitura de Camaçari, na Região Metropolitana, começou a vacinar as crianças de 3 a 5 anos nesta terça-feira mesmo. No dia anterior, Salvador tinha dado início a essa imunização e aplicou 659 doses. A capital tem 94 mil soteropolitanos na faixa de 3 a 5 anos e distribuiu a vacina em 37 postos, que funcionam das 8h às 16h. Até esta terça, 1.764 crianças tinham sido imunizadas.

O presidente do Conselho Estadual de Saúde, Marcos Sampaio, explicou que os municípios têm autoridade para agir, mas que o recomendável seria esperar a nota do Ministério da Saúde e a reunião na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para planejar de forma conjunta as estratégias.

“As prefeituras têm autonomia para decidir e a gente espera que elas tenham em estoque a quantidade necessária para as duas doses, a segunda tem que ser aplicada 28 dias após a primeira, mas o melhor é sempre fazer em conjunto, como estava sendo feito desde o início [da vacinação] para que nenhuma criança fique sem uma das doses”, disse.

Em nota, a Secretaria da Saúde de Salvador informou que decidiu começar a vacinação após a publicação de nota encaminhada para a imprensa pelo Ministério da Saúde com a recomendação da abertura da estratégia usando os estoques existentes nos estados e municípios. Disse também que tem estoque, mas que aguarda envio de novas remessas.

“A SMS ressalta que a decisão do começo imediato da vacinação  foi após a aprovação pela Anvisa, seguindo o propósito de salvar vidas e assegurar a proteção dessa população contra o agravamento viral, evitando assim, hospitalizações. Vale destacar ainda que a pasta municipal realiza a reserva técnica da dose complementar (2ª dose) para o público infantil que iniciou o esquema vacinal”, disse o órgão. Correio da Bahia