© Valter Campanato/Agência Brasil

O país está coberto de fumaça, vive a sua pior e mais extensa seca. A consequência disso é que fica difícil de respirar. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), quase 200 cidades pelo país registraram umidade relativa do ar menor ou igual à do deserto do Saara.

➡️ Os dados são de domingo (8) porque a umidade relativa do ar vai diminuindo ao longo do dia, conforme as temperaturas vão subindo à tarde, quando chega aos menores níveis.

Segundo a análise das estações do Inmet, os piores índices de umidade do ar foram registrados em cidades no Mato Grosso do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Ao todo, nove cidades registraram índices menores do que 10% (veja no gráfico abaixo).

Com isso, as cidades chegaram perto de registrar a umidade do ar como a do Atacama, no Chile, considerado o deserto mais seco do mundo, onde a taxa é de 5%. Outras dezenas de cidades registraram índices até 20% — o que é considerado muito abaixo do recomendado para a saúde.

Para se ter uma noção, no deserto do Saara, no norte da África, a umidade do ar máxima é de 20%. A medição é feita pelas estações de monitoramento do Inmet, que estão em todas as regiões do país, mas não cobrem todos os municípios do Brasil.

Por que isso está acontecendo?

O primeiro ponto é que estamos na estação seca, consequentemente, é um período com menos chuva e isso impacta na umidade relativa do ar que se estende até outubro. No entanto, a situação ficou mais grave por três fatores:

  • ☀️ Seca histórica: o Brasil vive a maior e mais intensa seca de sua história recente. Todos os estados, com exceção do Rio Grande do Sul, estão passando pelo pior período seco já visto. Segundo os dados do Cemaden, em dez estados além do Distrito Federal não chove há mais de cem dias.
  • 🥵 Calor intenso: setembro começou com uma onda de calor que vai levar cidades a níveis recordes de calor. Com a temperatura alta e menos chuva, a umidade acaba se dissipando.
  • ❌ Bloqueios Atmosféricos: o bloqueio é uma configuração dos ventos que impede o avanço de frentes frias e, consequentemente, das chuvas. Com menos nuvens e chuva, a umidade vai ficando cada vez mais baixa.

Quanto maior a temperatura, menor a umidade do ar. A gente está enfrentando um período extremamente seco com calor, isso faz com que a situação no país fique ainda mais grave.

— Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo. G1