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Na reunião entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e ministros, para discutir ações a serem tomadas antes das eleições de 2022, o então ministro da Justiça, Anderson Torres, pediu empenho em questionamentos à lisura da votação e disse que o cenário era “ameaçador”: “Todos vão se foder”, afirmou.

O vídeo da reunião foi apreendido pela Polícia Federal em um computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. O sigilo sobre o material foi levantado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (9).

A gravação é de uma reunião da alta cúpula do governo feita em 5 de julho de 2022. No encontro, Torres disse aos ministros que todos corriam risco caso o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições de 2022. “A gente precisa atuar agora, é isso o que eu tenho buscado fazer. Não tô desrespeitando o poder de nenhum, não tô querendo atropelar ninguém, mas precisa ter algum tipo de observação nisso”, afirmou.

A PF afirma, no relatório de investigação, que, à ocasião, o então ministro da Justiça estava “ressaltando a necessidade dos presentes em propagar as informações falsas quanto a fraudes e vulnerabilidades no sistema eletrônico de votação”.

“Eu venho começar com uma frase que o presidente colocou aqui que eu acho muito verdadeira. E o exemplo da Bolívia é o grande exemplo pra todos nós. Senhores, todos vão se foder. Eu quero deixar bem claro isso, porque se…Eu não tô dizendo que…Eu quero que cada um pense no que pode fazer previamente, porque todos vão se foder. Eu não tenho dúvidas disso”, disse Anderson Torres.

“Eu tô vendo isso se organizando, tá certo? Eu não digo que a Polícia Federal tá aparelhada, mas por exemplo, hoje, dentro da Polícia Federal, eu já sei quem vai ser o diretor-geral se o PT ganhar. Eu já sei como que eles vão trabalhar no âmbito da Polícia Federal. A gente tem conversado sobre isso, tá certo? Então assim, eu não tenho dúvidas disso”, continuou. Ainda na reunião, Anderson Torres disse que “o outro lado joga muito pesado, senhores, e acho que essa consciência todos aqui devem ter”.

Torres alegou, na reunião, que a Polícia Federal já teria feito várias sugestões de aperfeiçoamento no sistema eleitoral que não teriam sido acatadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E afirmou que atuaria, junto com a PF, de forma mais “incisiva” no acompanhamento das eleições. “É um momento realmente de entender o que tá sendo colocado aqui, tá certo? De cada um adotar sua postura daqui pra frente em relação ao que vai acontecer no Brasil nos próximos meses”, afirmou. G1