A direção da Petrobras admitiu que dificilmente conseguirá concluir em 2018 negociações para a venda de participações em refinarias e nos gasodutos do Nordeste, empurrando para Bolsonaro a decisão sobre os principais processos no plano de venda de ativos. As tratativas estão suspensas em respeito a liminar do ministro Lewandowski, que condicionou a venda de controle de estatais à aprovação do Congresso.

 

A Petrobras diz que ainda tenta derrubar a liminar do ministro do STF, mas já reconhece que chegará ao fim do ano sem assinar contratos relativos às operações. Sem elas, espera arrecadar apenas um terço dos US$ 21 bilhões (R$ 79 bilhões, ao câmbio atual) projetados pelo seu plano de desinvestimentos para o biênio 2018/2019 segundo informações do Folhapress.

 

Ainda não está claro o posicionamento de Bolsonaro. O presidente eleito e sua equipe já falaram em privatizar refinarias e infraestruturas de gás, mas não detalharam como seria feito. Procurados, consultores da área energética da equipe de transição não se manifestaram. A negociação da malha de gasodutos do Nordeste está mais adiantada: em maio, a Petrobras deu exclusividade à francesa Engie para formular uma proposta por 90% do ativo.

 

No caso das refinarias, a estatal iniciou em abril processo para vender 60% de dois polos de refino, cada um com duas refinarias, dutos e terminais de armazenagem de petróleo e derivados. O processo ainda não havia passado para a fase de negociações bilaterais quando foi suspenso. A expectativa do mercado é que Bolsonaro reveja o modelo de venda, com a oferta de fatias maiores ou até de refinarias inteiras, sob o argumento de incentivar a competição no mercado de combustíveis.

 

Desde o início de 2017, a estatal fechou contratos de vendas de ativos no valor de US$ 5 bilhões (R$ 19 bilhões), incluindo campos de petróleo no Brasil e no exterior, petroquímicas e a produtora de etanol e cana São Martinho. A empresa espera fechar mais US$ 2,5 bilhões (R$ 9,5 bilhões) até o fim do ano -estão em negociação campos de petróleo no Brasil e a refinaria de Pasadena, nos EUA. Os recursos vêm sendo usados pela estatal para reduzir o seu endividamento.