(Arisson Marinho/CORREIO)

Os empreendedores negros precisaram fechar mais os estabelecimentos na Bahia em relação aos profissionais de outras raças durante a pandemia da Covid-19. A informação é da 6ª edição da pesquisa “O impacto do Coronavírus nos micro e pequenos negócios”, divulgada pelo Sebrae, na quinta-feira (27).

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) da Bahia, a pesquisa foi feita com 317 empresários, entre os dias 30 de maio a 2 de julho. Desse total, 68% dos entrevistados se declararam negros (pretos e pardos), sendo 45% mulheres e 55% homens.

De acordo com o relatório, houve a mesma incidência entre todas as raças quanto a decisão da interrupção temporária (39,4%). No entanto, a maior parcela quando o assunto foi fechar a empresa está concentrada nos empresários negros, com 5,6%, enquanto as demais raças juntas totalizaram 4,4%.

Os dados mostram que, sobre a situação dos estabelecimentos durante o processo de isolamento social, durante as medidas para conter o avanço do vírus, houve um percentual praticamente similar para empreendedores de todas as raças no fechamento parcial (78%).

Apesar disso, os percentuais foram mais elevados para raça preta/parda com o fechamento total, no período de lockdown, com 9,7%. Já sobre o período sem restrições, esse percentual foi de 1,9%.

Ainda de acordo com a pesquisa, os empreendedores negros estão entre os empresários com maior incidência de ocorrência de dívidas e empréstimos em atraso(cerca de 42%). Em relação às demais raças, o percentual é de cerca de 40%.

Quando o assunto é “temos dívidas e estamos em dia”, o percentual entre os empreendedores negros é de 26%. A menor incidência entre os empreendedores negros está na opção “não temos dívidas /empréstimos”, com 27,8%. Já as outras raças ocupam um percentual de 29,7% nesse quesito.

Em relação à adoção de alternativas para o enfrentamento do isolamento social e restrição de circulação de pessoas, houve uma maior prevalência de não ter condições de atuar no período entre os empresários das raças preta ou parda, com 40,7%. Por isso, os percentuais dos que estão utilizando ferramentas digitais também é mais elevado entre as demais raças, 30,6%, enquanto pretos pardos chegaram a 26,9%.

Perfil

Ainda de acordo com a pesquisa, dentre os entrevistados, os empresários da raça negra são, na maioria, enquadrados como Microempreendedores Individuais (MEI), chegando a 68,5%. Os empreendedores de outras raças, neste mesmo perfil, atingiram 61,2%. Quanto aos que declararam ter enquadramento jurídico de Microempresa (ME), os valores se invertem.

O relatório mostra que há uma maior predominância das demais raças para os enquadramentos ME (27,8%) e Empresa de Pequeno Porte (EPP), com 11%, enquanto os negros somam 24,5% para os ME, e 6,9% para EPP.

Ferramentas para vendas e faturamentos

Ainda conforme a pesquisa, as principais ferramentas utilizadas pelos empreendedores negros, para as vendas, durante o período de isolamento social, foram as redes sociais, aplicativos ou internet (WhatsApp, Facebook, Instagram, site etc.).

Os dados mostram que há uma proximidade de respostas entre todas as raças para a maioria das situações, havendo uma incidência um pouco maior para as demais raças nas opções “Sim, passei a vender por causa da crise” e “Não, são sei como se aplica ao meu negócio”.

Em referência à média mensal do faturamento nos seis meses anteriores ao início das medidas de restrições, há uma maior incidência do faturamento até R$ 6 mil por mês para os entrevistados que se declararam das raças preta ou parda (45%), enquanto nas demais raças o número atingiu 42%.

Essa tendência se repete para a faixa de R$ 7 mil a R$ 15 mil: negros (10,1%) e demais raças (8,8%). Nos demais extratos acima de R$ 16 mil, prevalece uma maior participação das demais raças em detrimento à preta/parda. G1