A empresa Rodrimar, investigada por suspeita de ter sido favorecida pelo decreto de portos editado pelo presidente Michel Temer em maio do ano passado, afirma que seu assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) integrou um grupo criado pelo governo para discutir as novas normas, que beneficiaram o setor.

 

Já Loures afirmou em novembro à Polícia Federal que as empresas “imaginavam” nele um interlocutor do governo para discutir o assunto, o que “não era verdadeiro”. Um executivo da Rodrimar Ricardo Mesquita, declarou à PF que Loures era “um importante interlocutor” dos interesses do setor portuário na discussão sobre o decreto.

 

Apesar das contradições, ambas as partes confirmam que os contatos foram institucionais e que não houve pagamento de propina. O decreto ampliou de 25 para 35 anos os prazos de contratos de concessão e arrendamento de áreas nos portos, com possibilidade de prorrogação para até 70 anos. A Rodrimar atua em duas áreas no porto de Santos (SP), antiga área de influência de Temer, e seria beneficiada em uma delas, assim como outras companhias.

 

Em seu depoimento, Loures confirmou ter conhecido representantes do setor em 2013, incluindo Mesquita, que também é investigado, “por ocasião da discussão da lei dos portos”. O ex-deputado diz ainda que após 2013, “somente veio a tomar conhecimento da matéria [do decreto dos portos] em 2017, com a chegada da minuta do decreto na Casa Civil, enviada pelo Ministério dos Transportes” e que “não houve um motivo específico” para ter tomado conhecimento à época, quando ele era assessor especial de Temer.