Projetos culturais do Brasil podem precisar se readequar caso novos cortes de patrocínios, além dos que já foram anunciados por empresas estatais, aconteçam. O site G1 entrou em contato com oito das principais empresas estatais que patrocinam a cultura para entender de que maneira os cortes de patrocínio podem afetar a produção e o consumo de cultura.

A Petrobras, BNDES, Correios e Caixa afirmaram que estão sendo revisados os contratos vigentes e as políticas de patrocínio. Diferente dos anos anteriores, o orçamento para cultura e novos projetos apoiados em 2019 ainda não foi divulgado. Normalmente, nessa época, isso costumava já ter sido feito.

O Banco do Brasil disse que o seu principal investimento serão os quatro Centros Culturais com R$ 43 milhões investidos, mesmo valor de 2018. Já a Eletrobras pretende lançar dois editais para selecionar projetos culturais e esportivos. O patrocínio, como já acontece, será de forma direta.

O Banco da Amazônia, que foca em projetos locais, negou cortes e informou que houve um “incremento de cerca de 10% em relação ao exercício anterior”. E o Banco do Nordeste afirmou que a prioridade no investimento será para o “setor produtivo, que possa contribuir para alavancagem dos negócios, como feiras e exposições”.

Os principais projetos culturais patrocinados por empresas estatais nos últimos 5 anos foram a Festa Literária Internacional de Paraty, pela Petrobras e BNDES; a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, pela Petrobras; o Centro Cultural Banco do Brasil, pelo Banco do Brasil; o Festival Folclórico de Parintins, pela Eletrobras; Festival de Cinema de Gramado, pelo BNDES; e o Festival do Rio, pelo BNDES.

BOLSONARO E A CULTURA 
Jair Bolsonaro (PSL), durante sua campanha eleitoral, criticou o uso de recursos públicos para financiamento de projetos de arte e cultura, com foco na Lei Rouanet. A questão mais criticada pelo candidato era a captação de recursos por artistas famosos.

“Incentivos à cultura permanecerão, mas para artistas talentosos, que estão iniciando suas carreiras e não possuem estrutura. O que acabará são os milhões do dinheiro público financiando ‘famosos’ sob falso argumento de incentivo cultural, mas que só compram apoio! Isso terá fim”.

Após ser eleito, Bolsonaro voltou a falar sobre o assunto. “Reconheço o valor da cultura e a necessidade de incentivá-la, mas isso não deve estar a cargo de uma petrolífera estatal. A soma dos patrocínios dos últimos anos passa de R$ 3 bilhões. Determinei a reavaliação dos contratos”, escreveu o presidente em uma rede social.

PETROBRAS RESPONDE
De acordo com a assessoria da Petrobras, a empresa modifica sua política de patrocínios segundo o novo posicionamento de marca, com foco em ciência e tecnologia e educação, principalmente infantil.

Em 2018, a Petrobras investiu em 28 projetos relacionados à música, cinema, teatro e circo. Entre esses, 18 contratos ainda estão vigentes, com datas de término entre 2019 e 2020. Porém, ainda não existe uma definição sobre a continuidade do apoio.

Segundo a assessoria, ainda não há um parecer sobre a continuação do apoio aos festivais de cinema. A empresa é a principal apoiadora desses festivais, como Festival de Brasília, do Rio e de Vitória.