O esquema de envios em massa de mensagens pelo WhatsApp durante as eleições deste ano teria cometido fraude para garantir que o serviço fosse mantido. Elas utilizaram o CPF de idosos para instalar os chips de celular utilizados no processo que beneficiou vários políticos. Segundo a reportagem da Folha, as informações foram retiradas de relatos feitos ao jornal e de um processo que rola na Justiça do Trabalho.

 

Entre as empresas irregulares, estaria a Yacows, especialozada em marketing digital e subcontratada durante o pleito eleitoral pela AM4, produtora que prestou serviço a Jair Bolsonaro (PSL). O ex-funcionário Hans River do Rio Nascimento, que move um processo trabalhista contra uma das empresas supostamente envolvidas, detalhou como funcionaria a fraude.

 

Segundo ele, três empresas atuavam em conjunto: Yacows, Deep Marketing e Kiplix segundo a Folha de S. Paulo. Como a lei exige o registro de quem utiliza uma linha de celular, as empresas de disparo de mensagens teriam cadastrado números sob CPF e datas de nascimento de pessoas entre 65 e 86 anos, que ignoravam o uso de seus dados. Nascimento apresentou fotos de salas cheias de computadores ligados a celulares e chipeiras.

 

São equipamentos que usam chips para anular o WhatsApp e permitir o disparo de mensagens -, assim como caixas repletas de chips. Ele contou que o trabalho foi intenso durante a campanha, incluindo trabalho aos fins de semana, e que 99% do que faziam estava relacionado a campanhas políticas. O resto estaria ligado à empresa de cosméticos Jequiti.

 

Também foram apresentadas mensagens trocadas entre funcionários das empresas sobre o uso de robôs para disparos de mensagens, o que é proibido. Nos documentos publicados, não há referências a Bolsonaro, e o ex-funcionário também não específica quais campanhas foram beneficiadas com as supostas fraudes.

 

Em resposta à matéria, a Yacows diz que não há evidências de atos ilícitos no processo trabalhista movido por Nascimento, e que não foi contratada pela equipe de Bolsonaro para distribuir conteúdo eleitoral, assim como as demais empresas que possuem sócios em comum (Deep Marketing e Kiplix).

 

Uma reportagem da Folha sugeriu que empresários teriam pago para impulsionar mensagens anti-PT durante as eleições para beneficiar Bolsonaro. O à época candidato negou qualquer irregularidade e disse que contou com o apoio voluntário dos próprios eleitores.