Agência Brasil

Um dos maiores medos dos candidatos que realizam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a redação. Não dá para prever o tema, há o nervosismo do dia e, claro, é preciso respeitar as cinco competências avaliadas pelos corretores da prova, que são:

Competências da redação do Enem

1 Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
2 Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
5 Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

A quinta competência é a que causa mais dúvidas entre os alunos. Afinal, como respeitar os direitos humanos na proposta de intervenção? Como saber se estou desrespeitando? O que acontece caso haja desrespeito aos direitos humanos no texto? Confira a resposta para essas e outras perguntas:

O que são os direitos humanos?

De acordo com a Unicef, direitos humanos são “normas que reconhecem e protegem a dignidade de todos os seres humanos”. Eles regem o modo como os seres humanos viverem individualmente e em sociedade, estabelecem obrigações e proibições ao Estado e estimulam o respeito, já que, ao usufruir do seu direito, é preciso respeitar o direito do outro.

Os direitos humanos são universais e inalienáveis, portanto todas as pessoas do mundo têm direito a eles. Ninguém pode voluntariamente desistir deles, nem outros podem tirá-los.

São ainda o reconhecimento de que, apesar das diferenças inerentes das variadas culturas, estilos de vida, religião etc, existem aspectos básicos da vida de cada pessoa que devem ser respeitados e garantidos.

Os direitos humanos estão dispostos naDeclaração Universal dos Direitos Humanos, documento estabelecido em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os 30 artigos garantem direito à igualdade e à liberdade, direito à saúde e à justiça, cultura e lazer, além de trabalho e remuneração compatíveis, entre outras coisas.

Como respeitar os direitos humanos na redação?

Durante a elaboração da redação, é preciso apresentar uma proposta de intervenção. Nela, o autor precisa propor uma solução para o problema identificado no tema, apontando:

  • o que é possível apresentar como solução para o problema;
  • quem deve colocar a solução em prática;
  • como viabilizar essa solução;
  • qual efeito ela pode alcançar;
  • outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta.

De acordo com aCartilha do Participante, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame, esta é uma ocasião para o candidato demonstrar seu preparo para exercitar a cidadania e para atuar na realidade em consonância com os direitos humanos. Durante a avaliação das redações, são considerados os seguintes princípios norteadores dos direitos humanos:

  • Dignidade humana
  • Igualdade de direitos
  • Reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades
  • Laicidade do Estado
  • Democracia na educação
  • Transversalidade, vivência e globalidade
  • Sustentabilidade socioambiental

Portanto, é preciso propor uma intervenção como indicado e considerando os pontos acima para que a redação seja avaliada na competência cinco.

E se houver desrespeito aos direitos humanos no texto?

As redações que apresentem propostas de intervenção que desrespeitem os direitos humanos serão penalizadas na competência 5. Isso pode significar a perda de até 200 pontos que podem ser concedidos por competência.

Para que isso não aconteça, vale ficar atento para que a sua conclusão não pode o direito à liberdade do outro, assim como o acesso à justiça, educação, cultura, lazer e afins.

Em 2019, em que o tema da redação do Enem foi “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, avaliadores deram nota 0 na quinta competência em textos que não respeitaram o exigido, como os exemplos:

“Cadastros deveriam ser feitos para limitar a ida das pessoas ao cinema. Assim diminuiria os casos de acesso contínuo ao cinema, celulares, televisões e outros”;

“É notório para prevenir esses acontecimentos é necessário diminuir a quantidade de cinemas, as pessoas reduzirem o tempo vendo filmes, acabar com os diversos aplicativos de filmes que existem”;

“Portanto, é necessário que diminua o acesso livre ao cinema no Brasil, tem que ser bem rígido e controlado, porque pode aumentar ainda mais a urbanização e isso não é bom”.

A redação pode ser zerada?

De acordo com o Inep, não respeitar os direitos humanos na redação não é um dos motivos que leva ao zero. A pontuação não é considerada no critério cinco, mas os outros quatro ainda devem ser considerados, caso os avaliadores considerem que foram cumpridos. No entanto, existem outras razões que levam à anulação da nota do texto:

  1. fuga total ao tema;
  2. não obediência ao tipo dissertativo-argumentativo;
  3. extensão de até 7 (sete) linhas manuscritas, qualquer que seja o conteúdo, ou extensão de até 10 (dez) linhas escritas no sistema Braille;
  4. cópia de texto(s) da Prova de Redação e/ou do Caderno de Questões sem que haja pelo menos 8 linhas de produção própria do participante;
  5. impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, em qualquer parte da folha de redação;
  6. números ou sinais gráficos sem função clara em qualquer parte do texto ou da folha de redação;
  7. parte deliberadamente desconectada do tema proposto;
  8. assinatura, nome, iniciais, apelido, codinome ou rubrica fora do local devidamente designado para a assinatura do participante;
  9. texto predominante ou integralmente escrito em língua estrangeira;
  10. folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho; e
  11. texto ilegível, que impossibilite sua leitura por dois avaliadores independentes. G1