Enquanto Otto afaga, Leão apedreja. Desta forma um petista descreveu ontem, para este Política Livre, a relação entre o senador do PSD, Otto Alencar, e o vice-governador do Estado, João Leão, do PP, com o governador Rui Costa (PT).

Referia-se à diferença de comportamento que tem sido sentida pelos petistas no relacionamento dos caciques dos dois principais partidos da base de sustentação do governo com o chefe do Executivo.

O partido de Leão se antecipou no apoio à pré-candidatura à Prefeitura de Olívia Santana (PCdoB), algo que o governador não desejava. Também se movimentou pela aprovação da reeleição à presidência da Assembleia.

Rui foi o fiador de um acordo pelo qual o PSD indicaria agora o candidato ao comando do Legislativo estadual, o que tornaria o retorno da reeleição na Assembleia totalmente desnecessário.

Para completar, ao perceber que as chances de reeleger o presidente Nelson Leal (PP) na Casa se enfraqueciam, o partido passou a se movimentar, com o consentimento de Leão, pela escolha de um substituto para a disputa.

Enquanto isso, Otto, o primeiro a ter se aproximado do pré-candidato do Avante à Prefeitura e inexplicavelmente ter se afastado dele, contra a vontade, abençoou a aliança entre Sargento Isidório e o PSD.

O apoio foi pedido por Rui e o senador Jaques Wagner, meio que no desespero, ante a ameaça de Isidório de desistir da disputa, o que poria em risco os planos do PT de viabilizar o segundo turno para ajudar a candidata da sigla, major Denice Santiago.

Antes, o cacique do PSD não dera um pio sobre o que se passava na Assembleia, apesar da movimentação ostensiva dos deputados do PP e de Leão. O reconhecimento de Rui a Otto veio a galope. Foi feito na última sexta-feira, no dia em que a chapa do Avante com o PSD foi anunciada.

Rui disse no evento, com todas as letras, que havia um acordo, do qual ele havia sido fiador, pelo qual a vez de disputar a presidência do Legislativo era do PSD. O senador ouviu a declaração do governador com cara de paisagem, mas intimamente satisfeito.

Por trás da movimentação do PP e do PSD, está naturalmente a sucessão estadual de 2022, para a qual o controle da Casa legislativa será fundamental, num cenário em que tanto Leão quanto Otto aparecem como virtuais candidatos ao governo.

Também exporia uma razoável desvantagem do PP em relação ao PSD quanto a espaços no governo e também número de Prefeituras no interior, outro recurso importante para ser colocado na mesa de negociação na hora da escolha da chapa que o grupo, se permanecer unido, apresentará à sucessão de Rui, cujo candidato ao governo, aliás, já está definido: Wagner. Política Livre