É sobre outra oportunidade em vista e salário, mas não só. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, embora “outra carta na manga” e o dinheiro que caia na conta sejam os principais fatores na hora de pedir demissão, mais variáveis têm peso para os brasileiros na hora de tomar essa decisão.
💼 Das 53.692 pessoas em regime de carteira assinada que aceitaram responder a uma pesquisa virtual do Ministério e que pediram demissão no período de novembro de 2023 a abril de 2024:
- 36,5% já tinham outro emprego em vista;
- 32,5% tinham como motivação o baixo salário;
- 24,7% indicaram que seu trabalho não era reconhecido;
- 24,5% problemas éticos com a forma de trabalho da empresa;
- 16,2% tinham problemas com a chefia imediata;
- 15,7% citaram a inexistência de flexibilidade da jornada.
⚠️ Sobre a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (12), é importante ressaltar: nem todos os brasileiros registrados que foram desligados dos seus empregos a pedido responderam o questionário eletrônico e nem todos confirmaram que a demissão foi por vontade própria (entenda mais sobre a metodologia ao fim deste texto).
💰 Para Marcelo Treff, professor de Gestão de Pessoas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), salários maiores e oportunidades em outros trabalhos têm relação com o momento econômico do país.
“Quando a gente tem recessão, as pessoas tendem a ficar mais [nos empregos]. Quando a atividade econômica melhora, as pessoas têm mais oportunidades.” Mas, ainda assim, há outros motivos…
“No fundo, o que eu acho que essa pesquisa está revelando é que o trabalhador se movimenta. Ele não tem mais aquela expectativa da minha geração e de gerações anteriores de permanecer muito tempo, muitos anos, em uma mesma empresa, independentemente da ser uma grande empresa.”
🏃♂️➡️ Ainda que esse comportamento de trocar de emprego com mais frequência seja atribuído aos mais jovens — considerados mais desprendidos de modo geral —, ele também influencia pessoas mais velhas, que sentem necessidade de se movimentar e se sentem mais pressionadas a ficarem competitivas no ambiente de trabalho.
“E, claro, a forma de influência é cada vez mais a tecnologia. Mais acesso aos sites de recrutamento, mais acesso às vagas no LinkedIn, em redes sociais… Muito mais acesso a buscar outras possibilidades.” Sobre outros motivos, como questões éticas com a empresa e falta de flexibilidade (citados nas respostas da pesquisa), Treff ressalta que representam motivações que ganharam mais fôlego recentemente.
“Quando comecei a trabalhar da década de 80, qual era a minha expectativa? Trabalhar e, pelo menos, receber em dia, né? Nas novas gerações, qual é a expectativa? É trabalhar, ser respeitado, estar em uma empresa que respeita as diversidades de gênero, de cor, religiosa, que tem políticas ESG.”
😰 Já questões relacionadas ao estresse, à ansiedade e à saúde mental do funcionário, por exemplo, sempre existiram, mas foram potencializadas pelos anos de pandemia de Covid-19.
🤝 Dito tudo isso… Traff, especialista e estudioso na área, ressalta algo de peso na tomada da decisão por sair (ou ficar!): o chefe e o relacionamento com o mesmo. “Nas pesquisas, principalmente com grandes empresas, geralmente o principal motivo pelo que as pessoas saem (ou que as pessoas ficam) é o mesmo: a liderança, o relacionamento com a liderança. A liderança que não respeita, a liderança que é tóxica.”
Como a pesquisa foi feita?
O levantamento do Ministério abrangeu o período de novembro de 2023 a abril de 2024 e foi feito de forma virtual com trabalhadores em regime de carteira assinada. De acordo com a pasta, nesse período, foram 3,77 milhões de desligamentos a pedido. Não obrigatória, uma solicitação para responder ao questionário foi enviada por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital – CTPS. Segundo o Ministério:
- A mensagem de convite alcançou 951 mil dispositivos instalados na Carteira de Trabalho Digital – CTPS;
- 70.963 foi o número de questionários respondidos — deste total, 53.692 reconheceram o desligamento a pedido e os motivos pela decisão.
Importante dizer: o Ministério alega que não fica claro o motivo de 24% não terem reconhecido o desligamento a pedido, apesar de o dado constar na base do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). G1