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O 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi finalmente divulgado oficialmente nesta última quinta-feira (8).

A publicação é fruto de um acordo entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (SENAD/MJSP) e a Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde.

O entendimento aconteceu no âmbito da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Pública Federal, um órgão da Advocacia Geral da União (AGU).

O contrato da pesquisa foi firmado em 2014 e a conclusão do trabalho aconteceu no final de 2017, mas ele permanecia engavetado apesar de ter custado R$ 7 milhões aos cofres públicos.

Foram 16 mil entrevistas, por cerca de 300 pesquisadores, utilizando a metodologia da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad).

O Ministério da Justiça alegou que o formato do estudo não permitia comparações internacionais ou com levantamentos anteriores.

Já a Fiocruz alegou que cumpriu todas as exigências estabelecidas e que elas foram acompanhadas pelo Ministério, que inclusive só liberava os pagamentos depois do cumprimento de metas estabelecidas.

Observadores apontaram que as conclusões do estudo desmentiam o discurso do governo de que há uma epidemia no uso de crack no Brasil.

O número identificado de uso de crack, de 208 mil pessoas, é menor do que o apontado por outro trabalho da fundação, que indicava 370 mil em 2013. A diferença, no entanto, não surpreende.

Isso porque a maior parte dos usuários vive em grupos que se formam para o consumo e seria muito mais fácil encontrá-los nesses locais do que em residências fixas, onde a pesquisa foi realizada.

Segundo a pesquisa, 9,9% dos brasileiros relatam ter usado drogas ilícitas uma vez. 7,7% da população consumiu maconha, haxixe ou skank, 3,1%, cocaína, 2,8%, solventes e 0,9%, crack.

Osmar Terra, atual ministro da Cidadania, é um defensor da abstinência como eixo da política de drogas no Brasil, em contraponto à política anterior de redução de danos.

Em 2013, como deputado federal, Terra apresentou uma lei que facilita a internação involuntária de dependentes e fortalece as comunidades terapêuticas e que foi aprovada pelo Senado no último dia 16 de maio. Exame Abril