Agência Brasil

Um estudo feito pela Rede CoVida, formada por pesquisadores da Fiocruz Bahia e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sugere que as medidas de distanciamento social e redução do fluxo de transporte intermunicipal estão achatando a curva do crescimento dos casos de coronavírus na Bahia. O primeiro caso da Covid-19 na Bahia foi confirmado no dia 6 de março. Aos poucos, estado e municípios passaram a adotar medidas para tentar frear o avanço da doença.

A partir do dia 26 de março, o modelo matemático utilizado pelos pesquisadores passou a considerar as medidas de restrição e circulação na cidade. E o que se percebe é uma redução de 27% da taxa de transmissão geral do novo coronavírus.

Quem explica a aplicação do modelo aos casos da Covid-19 é a pesquisadora Juliane Fonseca de Oliveira, que é doutrora em modelos matemáticos pela Universidade do Porto, Portugal, e tem pós-doutorado em modelagem pela Universidade de Liverpool e pelo Cidacs/Fiocruz.

“Nós temos um modelo que tenta ver o comportamento dessa curva. Tem o comportamento inicial que vai até mais ou menos o dia 26. Nós conseguimos estimar essa queda. A numérica é 27%, mas tenha sempre em mente que isso é um comportamento. E acreditamos que isso foi causado pelas medidas que começaram no dia 17, que o Governo começou a restringir as aulas, eventos com pessoas aglomeradas. Acreditamos que isso seja um impacto nessa curva”.

Os pesquisadores projetavam que, até o dia 6 de abril, a Bahia teria 800 casos de coronavírus se nenhuma medida de restrição social tivesse sido adotada. Ao fim do último dia 6, entretanto, o estado registrou 437 casos da doença. “A taxa vai medir como uma pessoa, entrando em contato com a outra, transmitiria essa doença. Quando esse contato é reduzido, essa probabilidade diminui. É isso que a gente acaba medindo baseado nessa curva”, explica Juliane.

Outro fator considerado pelo estudo é a redução no fluxo do transporte intermunicipal, com o fechamento das rodoviárias que apresentaram pelo menos um caso de coronavírus – recentemente, a medida foi afrouxada para os municípios com um intervalo de 14 dias sem novos casos.

De acordo com o estudo, essa medida vai gerar um atraso entre os picos de infecção de Salvador e demais municípios, considerando a população que será infectada nos próximos 250 dias, contados a partir do dia 6 de março. Com base no estudo científico, Juliane defende que as medidas não podem ser flexibilizadas nesse momento.

“Essas medidas não podem ser adotadas por uma semana e relaxada, porque não terá quase efeito nenhum. Imagina que agora você corta essas medidas, ou não intensifica – apesar do que está sendo feito, não significa que a epidemia vai ser controlada, porque é uma queda baixa -, então, se você cortar essas medidas, daqui a uma ou duas semanas, você vai voltar a perceber esse aumento, e o trabalho vai ser em vão, porque ele é um trabalho a longo prazo”, disse. G1