Foto : Divulgação/CNJ

Ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-corregedora nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon falou do alcance da Operação Faroeste, que prendeu juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Em entrevista a Mário Kertész no Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole nesta quarta-feira (16), ela apontou que há um risco da operação perder força ao alcançar figuras políticas do cenário baiano.

“As coisas no Brasil começam certinhas até quando chega na porta do poder político. Já vivenciamos isso em muitas operações. O ministro Og Fernandes, meu colega, um juiz de carreira extremamente sério, está empenhado em resolver. Ele não vai, absolutamente, ser diferente. Mas quando as operações policiais se desenvolve e chegam até os políticos, existe sempre uma forma de nós jogarmos as coisas debaixo do tapete”, declarou a jurista.

A ex-magistrada afirmou que, diante do envolvimento da ex-chefe do Ministério Público da Bahia (MP-BA) Ediene Lousado e do agora ex-secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) Maurício Barbosa, as instituições perderam a credibilidade. “Com estas últimas prisões, que eu até desconhecia a evolução disso, chegando à polícia. Confiava no parecer da polícia e do MP, mas agora eu descubro que nenhuma das duas instituições merecem credibilidade porque estão envolvidas. Isso eu não sabia, estou sabendo agora. Tenho preocupação que, daqui por diante, as coisas comecem a andar devagar”, comentou.

“Não posso dizer que vão andar devagar, mas pela minha experiência, todas as vezes que uma operação policial chega numa fase de pegar os políticos, em 99% desses problemas existentes de grilagem e corrupção passiva, sempre tem o dedo do estado. Ao chegar nos políticos mais renomados, a operação começa a se esvaziar, haja vista a operação Lava Jato, que está quase moribunda. Pegou empresário, servidor público, banqueiro…mas na hora que chega ao Legislativo, as coisas começam a esfriar”, acrescentou Eliana Calmon. (Metro1)