O pintor Luiz Carlos Cerqueira, pai do jovem de 23 anos que foi morto a tiros em Salvador, na última terça-feira (24), disse que o filho não era amigo de traficante. Luiz contestou a informação passada pela Polícia Militar, que apontou suspeita do crime ter sido cometido por facção criminosa, devido à vítima ser amiga de um traficante rival ao do grupo.

“Meu filho não tem envolvimento com nenhum marginal. Eu quero saber, de quem está trazendo essa informação, se um jovem negro, que mora na favela, onde a criminalidade é assustadora, vai passar sem dizer “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” e, que isso, pode ser associado a amizade?”, argumenta Luiz.

Luiz Carlos Mendes Cerqueira Júnior, que levava o mesmo nome do pai, era estudante de radiologia e foi baleado na escadaria de uma ladeira da Rua Dr. Pedro Araújo, que dá acesso ao bairro de Fazenda Grande do Retiro, quando seguia para o curso de radiologia.

O pai do jovem questionou a suspeita da morte estar associada com a amizade do filho entre traficante e disse: “Querem manchar a biografia do meu filho. Ele era um jovem que tinha o propósito de ser radiologista e foi exterminado de forma abrupta, e depois ainda ter sua imagem associada a criminosos. Isso é um absurdo. Em que país nós estamos? Onde nós vamos chegar? O que a sociedade está querendo?”.

Luiz Carlos relembrou os sonhos do filho. Contou que o jovem terminaria o curso de radiologia no final deste ano e sonhava em estudar Educação Física, além de dedicar-se bastante aos estudos. O pintor disse ter certeza dos atos do jovem e ressalta que se o caso ocorresse em bairros nobres de Salvador, a vítima não seria associada a amigo de traficante.

“Se eles provarem que meu filho era amigo de traficante, eu vou abaixar a cabeça e pedir desculpas para eles. Isso só acontece na favela. Agora se isso acontecesse no alto de Ondina ou no Corredor da Vitória, será que eles mudariam [a versão]? Será que eles diriam que o ‘filho de papai’ estava envolvido com traficantes? Isso é um absurdo”.

De acordo com o pai do estudante, familiares e amigos viam o jovem como uma pessoa calma e querida por todos. “O que espero da polícia com a Justiça é que me tragam primeiro, que eles estão acusando meu filho de associação ao crime, que eles me provem isso, que façam uma investigação séria e tragam isso, e me provem”, disse o pai. O corpo de Luiz Carlos foi enterrado na tarde desta quarta-feira (25), no Cemitério da Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas. G1