A presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Daniela Borges, lamentou a declaração do ministro da Justiça Sérgio Moro sobre violência contra as mulheres. No Twitter, o ex-magistrado afirma que “talvez nós, homens, nos sintamos intimidados pelo crescente papel da mulher em nossa sociedade. Por conta disso, parte de nós recorre, infelizmente, à violência física ou moral para afirmar uma pretensa superioridade que não mais existe”.

Em outra mensagem, Moro diz: “O mundo mudou. Temos muito a aprender. Diz isso não o Ministro, mas o filho, marido e pai de mulheres fortes”. Para Daniela Borges, a fala, bem no dia em que a Lei Maria da Penha completa 13 anos, é um “desserviço ao combate à violência contra a mulher”.

“A violência doméstica e familiar contra mulher é a mais visível e radical forma de manifestação do machismo. Um homem acreditar que poder agredir física ou psicologicamente uma mulher por ser mulher. E Moro, ministro da Justiça, publica uma manifestação dessa. A frase de Moro contém tantos estereótipos machistas que podemos nos impressionar com a capacidade dele de condensar tantos absurdos em um texto tão curto”, disse.

Daniela Borges ainda destaca que ele termina a mensagem falando em uma “superioridade masculina que não mais existe”, “como se um dia tivesse existido”. O ministro também havia se manifestado no mesmo sentido no evento de assinatura de pacto do governo Federal para o combate à violência contra a mulher, realizado na quarta-feira (7).

“Muitas vezes, se diz que são necessárias políticas de proteção à mulher porque, dizem, elas são vulneráveis. Mas isso não é verdade, porque elas são mais fortes e melhores do que os homens. Por que são melhores do que nós? Talvez porque nós, homens, somos intimidados e, por conta dessa intimidação, nós, homens, recorremos à violência para firmar uma pretensa superioridade que não existe”, disse durante seu discurso.