Familiares de um marceneiro de 25 anos acusam policiais militares de terem provocado a morte do jovem, após agressões durante uma abordagem policial, no bairro de Ilha Amarela, no subúrbio de Salvador. A vítima teve traumatismo craniano. Fotos e vídeos feitos por testemunhas mostram a ação policial que terminou com a morte de Gabriel.

 

Segundo o pai do jovem, que prefere não se identificar, Gabriel Boaventura de Melo Nascimento apanhou dos agentes após tentar fugir da abordagem, por estar bebendo e supostamente temer truculência. Conforme a família, no dia da abordagem, o jovem tinha saído para comemorar o nascimento da filha, que havia acabado de deixar a maternidade.

A abordagem ocorreu na noite do dia 22 de dezembro. Gabriel chegou a ser socorrido pelo pai e foi levado para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu. O jovem morreu no dia 23 de dezembro. “Ele morava próximo lá de casa. Quando eu saio, vejo a imagem dele descendo a escada para vir falar comigo. Tá bem difícil”, destaca o pai da vítima. Em uma das imagens feitas por testemunhas, é possível ver o jovem sendo arrastados por policiais militares.

 

Em outro vídeo, o marceneiro se contorce e roda várias vezes no chão, no meio de uma via – como se estivesse com dor -, enquanto é observado por um policial. Após a morte de Gabriel, o pai dele registrou ocorrência na Polícia Civil e fez uma queixa na corregedoria da Polícia Militar. Ambas investigam o caso.

 

“Ele [o filho] passou lá em casa mais cedo, conversou comigo assim… por volta de uma meia hora e depois subiu. Eu pensei que ele estava em casa. Aí, quando foi uma hora da manhã o pessoal chegou lá me dando a notícia de que ele estava caído no chão, desacordado”, disse o pai. Somente depois de enterrar o filho é que o pai disse que ficou sabendo da suspeita de participação de políciais no crime.

 

“Eu quero pedir justiça, para que eles tomem providência. Isso não pode ficar impune”, destacou o pai da vítima. Em nota, a Polícia Militar informou que a Corregedoria Geral da corporação instaurou um procedimento investigatório para apurar a situação.

 

Ainda segundo o comunicado, caso seja comprovada a agressão ou o abuso de autoridade, a corporação adotará todas as medidas necessárias para responsabilizar os envolvidos. Gabriel foi enterrado no dia 25 de dezembro, no Cemitério Municipal de Plataforma. O jovem deixa uma filha de 4 anos e outra recém-nascida.