Alegando estar passando por tortura no presídio federal de Campo Grande (MS), o traficante apontado como líder do Comando Vermelho (CV), Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, relatou ter feito greve de fome por conta da situação.

O Uol divulgou o vídeo de uma audiência do criminoso com o juiz-corregedor federal Dalton Igor Kita Conrado, realizada em agosto deste ano. Beira-Mar disse ter permanecido por seis meses em uma cela isolada na unidade sob o pretexto de análise do seu perfil devido à hierarquia entre os outros internos.

“Quando cheguei aqui [ao presídio de Campo Grande], fui mantido isolado em uma espécie de VPI [Verificação Preliminar de Informação] administrativo. Alegaram me deixar isolado por um tempo desse para analisar o meu perfil. É impossível, porque estou há 14 anos [no sistema prisional federal]. Eles conhecem o meu perfil. Eu entendo isso como uma forma de tortura”, disse o traficante.

“Aí a direção responde: ‘O preso não tem que escolher’. Não quero escolher. Só quero ter o direito de ter um ambiente salubre para eu poder ler, poder estudar. Estava numa cela escura, sem condição de leitura”, completou Beira-Mar.

O líder do CV, ainda reclamou do tratamento dado aos advogados dos detentos, que segundo ele, “são tratados como cúmplice de bandidos”. Além disso, ele ainda traçou um paralelo do tráfico com a milícia. “Não sou igual miliciano, que exigia dinheiro de empresário. Fiz um trabalho social”.

Em nota, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) disse que as denúncias apresentadas por Fernandinho Beira-Mar são “improcedentes”. O órgão negou os relatos de tratamento inadequado e afirmou atender as necessidades básicas dos custodiados com base na Lei de Execução Penal para “ofertar oportunidades para melhorar a capacidade de reintegração na sociedade”.