Infecção febril aguda causada pela urina contaminada de animais, sobretudo ratos, a leptospirose, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ainda é uma doença negligenciada e subnotificada no Brasil. Nesta terça-feira (28), o governador Rui Costa citou a doença, que é comum em enchentes, mas não informou casos notificados de leptospirose no sul e extremo-sul da Bahia.

De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia, em 2020 no período de 01/01/2020 a 30/07/2020, foram notificados 124 casos suspeitos de leptospirose, distribuídos em 37 municípios. Do total, 27 (21,7%) casos foram confirmados e estavam distribuídos espacialmente em 8 municípios, 49 (39,6%) casos foram descartados para o agravo.

A fundação afirmou que os baixos índices de prevalência de casos e óbitos levam pesquisadores e autoridades de saúde a se preocuparem em definir estratégias de atuação que permitam combater de modo eficaz e mais rápido o avanço da doença e os riscos de contaminação pela bactéria causadora, a leptospira.

A pesquisadora da Fiocruz Amazônia, Luciete Almeida, destacou no I Congresso Nacional de Leptospirose – One Health, o desenvolvimento da pesquisa do kit de teste rápido para diagnóstico da leptospirose, em uso hoje no SUS, realizada pelo Fiocruz Bahia, no Instituto Gonçalo Muniz.

“Se analisarmos as séries históricas de casos, veremos que a cada dez anos é muito pouco o número de notificações de leptospirose e óbitos pela doença no Brasil e no mundo, daí a importância de se discutir políticas públicas de saneamento básico, campanhas de conscientização, coleta diária e destinação correta de lixo. Essas são questões presentes em todos os espaços urbanos”, explicou Luciete.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, no período de 2010 a 2020, foram confirmados 39.270 casos de leptospirose (média anual de 3.734 casos) no Brasil, variando entre 1.276 (2020) a 4.390 casos (2011). No mesmo período foram registrados 3.419 óbitos, com média de 321 óbitos/ano. A letalidade média no período foi de 8,7% e o coeficiente médio de incidência foi de 2,1/100 mil habitantes. Em 2019 o Amazonas registrou 162 casos suspeitos da doença, 52 confirmados e 7 óbitos. (BN)