A fumaça que cobre o país vem, principalmente, de onze estados e do Distrito Federal, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O mapa do fogo mostra que, nestas unidades da federação, o total de focos de incêndio mais que dobrou entre 1º de janeiro e 10 de setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado.
🔥 O fogo é usado não só para o desmatamento, mas nos processos agropecuários, como limpeza e renovação de pastos. Todos os anos, de julho a agosto, o país enfrenta a temporada do fogo, principalmente na Amazônia, o que castiga quem mora na região, que fica sufocada com a fumaça.
No entanto, este ano, a situação é diferente. Como revelou o g1, o Brasil vive uma seca nunca antes vista em sua história recente, e o fogo mais que dobrou em quase metade dos estados do país, espalhando a fumaça. No Sudeste, por exemplo, todos os estados mais do que dobraram os índices.
- O fogo, usado principalmente no desmatamento e atividades agropecuárias, aumentou devido a uma seca histórica, que deixou a vegetação extremamente vulnerável.
- No Sudeste e no Centro-Oeste, os incêndios mais que dobraram, como em São Paulo, por exemplo, onde houve aumento de 400% nos focos de fogo.
- Dados do Inpe mostram que na Amazônia apenas 15% dos incêndios estão ligados ao desmatamento; o restante é causado por atividades agropecuárias e condições de seca.
- Segundo especialistas, essa fumaça vem de queimadas que se espalham além das áreas desmatadas, atingindo ecossistemas no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia, onde os incêndios afetam vegetações nativas que não estão adaptadas ao fogo.
De onde vem a fumaça?
Os especialistas explicam que todos os anos na temporada de queimadas, que acontece de julho a outubro, há fumaça na atmosfera, mas poucas vezes ela foi vista no Sudeste e no Sul, por exemplo. O Rio Grande do Sul, que não tem alto índice de fogo, teve uma chuva preta, resultado da fumaça sobre o estado.
📈 Segundo os dados do Inpe, a alta do índice de incêndios no país e, consequentemente, da fumaça é puxada pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde todos os estados mais que dobraram os números.
Entre 1º de janeiro e 10 setembro, os índices mostram que os focos de queimadas mais que dobraram em onze estados (ES, GO, MT, MS, MG, PA, RJ, RO, RR, SP, TO) e no Distrito Federal, em comparação com o ano passado. Há estados em que a alta é de mais de 600%.
🔥 Em São Paulo, por exemplo, onde o céu está coberto de fumaça há quase uma semana, o fogo aumentou mais de 400%. São 6,3 mil focos de fogo esse ano (entre 1º de janeiro e 10 setembro), contra 1,2 mil no ano passado. Isso está sufocando o estado com fumaça e derrubando a qualidade do ar e a umidade.
📈 Ainda de acordo com os dados, somando os focos de incêndio ativos de todos os estados do Sudeste, o número aumentou de 4,7 mil pontos de fogo para 15,2 mil no mesmo período deste ano.
Enquanto isso, no Centro-Oeste, a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, está em chamas, e o Pantanal tenta sobreviver a um incêndio histórico, o que faz subir os números de incêndios na região.
Na última semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o bioma pode desaparecer. No Mato Grosso do Sul, onde está parte do Pantanal, o número de focos de fogo é mais de 600% maior que no ano passado.
O pesquisador do Inpe, Luiz Aragão, especialista em análise de carbono na atmosfera e mudanças climáticas, explica que o país vive uma crise do fogo por dois pontos:
- Seca histórica que ressecou o solo e a vegetação por um longo período e que se soma às altas temperaturas, deixando toda a vegetação no país vulnerável.
- A cultura do uso do fogo na agricultura e na pecuária, alguns com autorização para isso. O problema é que, nas condições de seca, o incêndio perde o controle e atinge outras áreas. Para se ter uma noção, segundo os dados do Inpe, na Amazônia, apenas 15% de todo o fogo no país está sendo usado para desmatamento.
Com isso, a fumaça da Amazônia se soma a outras ainda maiores e mais densas e cobre quase 60% do território nacional. “A gente está cercado pela fumaça do Sudeste, do Centro-Oeste e que ainda se somam com o que vem da Amazônia. É uma quantidade de fogo enorme e que cobre o país de fuligem”, explica. G1