Após participação em “Velho Chico” e “Segundo Sol”, a baiana Ariane Souza já tem data para voltar às telas da TV Globo. A atriz está gravando a série “Segunda Chamada”, de Carla Four, Jô Bilac e Julia Spadaccini, dirigida por Joana Jabace. A previsão de estreia é para outubro. Na trama, ela vive a Joelma.
“A série se passa dentro de um EJA (Educação de Jovens e Adultos), de ensino noturno e eu faço uma das alunas. Ela é meio a ‘intriguentinha’ da escola. Ela se acha dona da situação, tudo tem que passar pelo seu”, explicou ao Bahia Noticias. As duas últimas participações da artista em projetos da platinada foram em obras nordestinas e ter trabalhado nesse contexto foi motivo de comemoração para ela.
“Maravilhoso, importantíssimo. Era muito raro na época que eu morava em Salvador. Sempre que existia alguma coisa relacionada a Bahia eu ficava muito animada. Então, comemoro que cada vez mais tem se deslocado o audiovisual do eixo Rio-São Paulo. É uma questão de representatividade. O Brasil não se resume ao eixo, quero que aconteça cada vez mais. Apesar dos 20 anos de carreira, Ariane segue buscando seu espaço na TV e entende as dificuldades por ser mulher, negra e nordestina.
“Acho que o cenário está mudando, mas temos um caminho bem longo a percorrer para chegar à representatividade real do povo brasileiro. Tenho amigos fora do Brasil que assistem televisão brasileira e ficam impressionados com a diferença quando vêm ao País. Espero que em breve isso se equipare”, desejou. Sobre a falta de investimento em artistas negros no audiovisual de uma forma geral, destacou: “Ainda existe uma coisa enraizada da nossa história. É um processo que precisa abrir a cabeça dos investidores, dos diretores, autores…”.
CRISE NA EDUCAÇÃO
Morando no Rio de Janeiro há cinco anos, Ariane é bacharel em interpretação teatral pela Universidade Federal da Bahia e lamenta os recentes cortes na educação superior, que atingirão diretamente a sua faculdade.
“É deprimente, tive uma experiência muito feliz na ETUFBA. A nossa faculdade é conceituada no mestrado e tudo mais. É uma referência do teatro. Sempre que chego aos lugares e perguntam se eu sou formada e digo que sou pela UFBA as pessoas vibram. Fico muito triste de saber que os jovens que estão entrando e pretendem entrar podem não ter essa experiência que tive, porque para mim a educação em todos os âmbitos é a chave de salvação”, firmou.
Para as pessoas que sonham em seguir a carreira, mas desanimam por não fazerem parte do eixo Rio – São Paulo, ela incentiva a não desistir. “Acho que a pessoa tem que seguir para onde é mais interessante à carreira. Para mim foi muito difícil não estar com minha família, principalmente com minha mãe e minha avó. Não foi simples e não está sendo simples”, confessou. Quanto aos sonhos, disse ter muitos.
“Cada vez mais galgar espaços no teatro musical. Estou gostando muito de estar na TV, num lugar que nunca me vislumbrei fazendo e meio que caiu no meu colo na época de ‘Velho Chico’. Estou gostando de fazer e quero mais coisas na TV. Além de obviamente o cinema. Sou apaixonada real”, finalizou. Inclusive ela será vista em breve nas telonas nos longas “Pluft, o Fantasminha”, direção Rosane Svartman, e “L.O.C.A”, direção Claudia Jouvin. Bahia Notícias