Depois das derrotas nas eleições em Salvador, Feira de Santana e Vitoria da Conquista, colocadas por aliados integralmente em seu colo, o governador Rui Costa (PT) só tem uma saída para evitar a decretação do fim prematuro de seu governo: ganhar a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia. A avaliação foi feita ao Política Livre por três deputados governistas preocupados com o que chamam de rumos ‘suicidas’ que o governo estadual está tomando sem que o governador dê sinais de estar percebendo que entrou numa zona de perigo cujo resultado será o fracasso seu e de todo o grupo.

O mais recente deles teria sido a nomeação para a articulação política do governo do ex-deputado Jonival Lucas. Nove entre 10 governistas apontaram a inadequação do indicado para o cargo, que foi explicitada pelo deputado federal Marcelo Nilo (PSB) numa bombástica entrevista exclusiva ao Política Livre. “O barco está à deriva”, resumiu Nilo, vocalizando o que a maioria não tem coragem de publicizar. O candidato de Rui à presidência da Assembleia é o deputado Adolfo Menezes (PSD), respaldado por um acordo pelo qual seria o sucessor do atual presidente, Nelson Leal (PP), que foi avalizado pelo próprio Rui.

Ocorre que o PP resolveu se insurgir contra o acerto num cenário em que um governo que não tinha articulação política colocou na secretaria de Relações Institucionais alguém que, para os deputados, não tem legitimidade para assumí-la. A situação só não é pior para o governador porque, mesmo rebelado, o partido está dividido. Enquanto Leal joga suas fichas na candidatura do deputado Victor Bonfim (PL), com a promessa de que se filiará à legenda, nomes como os de Robinho e Antonio Henrique correm por fora, os dois primeiros com um discurso marcadamente de indepência que é interpretado por deputados do PT como sinônimo de oposição.

Como se o destino ainda estivesse dando ‘uma mãozinha’ involuntária a Rui, nenhum dos três empolga sequer a oposição, que assiste à cena esperando a confusão se ampliar e algum deles despontar para ver de que forma pode derrotar o governo. Há consenso de que se Leal fosse candidato à reeleição o páreo seria duro. Ele é muito bem avaliado pelos colegas, dos quais recebia estímulos para se recandidatar, mas foi colhido pela decisão do Supremo Tribunal Federal contrária ao expediente no Congresso, perdendo as condições de colocar em votação na Assembleia um projeto de emenda constitucional que revertesse a proibição local.

Seu candidato, entretanto, enfrenta muitas resistências, a começar pelo cabo eleitoral que constituiu, o colega Júnior Muniz, um representante nato do baixo clero. As relações de Robinho com o deputado federal Ronaldo Carletto não ajudam e Henrique, muitos acreditam que sequer concorrerá. “O problema do PP para enfrentar Rui é um só: apresentou candidatos ruins que não ajudam a empolgar”, diz um deputado da oposição, assinalando que as três opções apresentadas pelo partido não dão tesão nem naqueles que gostariam de ver o governador sendo massacrado pelo próximo presidente da Assembleia.

A priori, seria uma conjuntura que tinha tudo para deixar Adolfo Menezes tranquilo. As demonstrações de fragilidade de um governo que não se comunica nem prestigia os deputados tornam, no entanto, seu sucesso incerto, principalmente porque, depois depois da escolha para a Serin, teria crescido o desejo entre governistas de trair Rui. O estímulo ao surgimento de outros nomes na base estaria dentro dessa estratégia, cujo objetivo seria impor uma ‘lição’ ao governador, como confidenciou a este Política Livre um conhecido parlamentar ligado ao governo.

Ele se refere às movimentações, por exemplo, do deputado Fabrício Falcão, do PCdoB. O comunista é um dos deputados que passaram a procurar colegas e outros políticos para dizer que é candidato a presidente com o apoio do governador depois que o senador Jaques Wagner (PT) deu declarações em Vitória da Conquista elogiando uma eventual postulação sua à sucessão de Leal na Casa. (Política Livre)