Após ser exonerado do cargo, o servidor que multou o presidente Jair Bolsonaro por pesca irregular em área protegida disse que foi punido por ter realizado seu trabalho. José Olímpio Augusto Morelli aplicou a infração a Bolsonaro em Angra dos Reis, em 2012, quando o presidente era deputado federal pelo Rio de Janeiro.

“Fui punido por ter feito minha obrigação”, disse Morelli à Revista Piauí, após a edição de quinta-feira (28/3) do Diário Oficial da União (DUO) trazer sua exoneração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), onde era chefe do Centro de Operações Aéreas.

Questionado pela revista sobre uma possível ligação entre a multa e a exoneração0, anos depois, o servidor afirmou que a “conexão é total”.

O valor da multa foi R$ 10 mil e nunca foi paga. Em janeiro deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU) determinou que o Ibama a suspendesse, após entender que Bolsonaro não teve acesso ao devido processo de defesa.

Na avaliação de Morelli, a exoneração seria um reflexo da execução do compromisso de campanha de Bolsonaro, que prometeu acabar com a “festa das multas” em órgãos ambientais. “Está em andamento uma tentativa de desmonte de uma experiência bem sucedida de combate aos ilícitos ambientais no país”, afirmou o servidor à revista.

Morelli é engenheiro agrônomo especializado em direito ambiental. O Centro de Operações Aéreas do Ibama é responsável, entre outras funções, pela fiscalização do desmatamento na Amazônia. Ainda não há um nome substituto para ocupar o cargo.

Exonerações
Até fevereiro deste ano, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já havia exonerado 21 superintendentes do Ibama nos estados. Grande parte trabalhava nas regiões Norte e Nordeste. Este não foi o único ato polêmico de Salles à frente da pasta. Pelo Twitter, o ministro bloqueou ONGs ambientais e pessoas ligadas a essas instituições.

O governo federal não deu resposta à Piauí a respeito da afirmação de Morelli, de que há relação entre a multa e sua exoneração. O Correio tamém entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente, que não havia retornado até a publicação desta matéria. (Correio Braziliense)