Durante o período eleitoral, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, fez questão de deixar explícita sua contrariedade com a política ambiental adotada pelo Brasil. Prometeu combater a “indústria de multas” do Ibama, ameaçou retirar o país do Acordo de Paris e acenou até com a extinção do Ministério do Meio Ambiente . Após a vitória eleitoral, a equipe de transição teve que lidar com tropeços e recuos sobre o tema.

 

Depois de recuar no fechamento do ministério, o presidente eleito Jair Bolsonaro chegou a considerar a fusão com o Ministério da Agricultura. Por fim, manteve a pasta separada de outras áreas. O Ministério do Meio Ambiente, o último a ter um ministro anunciado, será alvo de reformulações que podem colocar o presidente em rota de colisão com ambientalistas.

 

A mais polêmica delas, em estudo pela equipe de transição, é a unificação do Ibama e do ICMBio segundo informações do O Globo. Os dois órgãos são autarquias federais vinculadas ao ministério e dividem o trabalho de fiscalização e preservação do meio ambiente. O ICMBio cuida das unidades de conservação e centros de pesquisa, além de áreas protegidas e pesquisas sobre bichos e plantas. Já o Ibama tem muitas outras atribuições.

 

São elas: licenciamento, fiscalização, combate incêndio, normas de poluição, entre outras. No fim do mês passado, Bolsonaro revelou que pediu ao governo Michel Temer para que a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 25, não fosse realizada no Brasil. O país já tinha negociações avançadas para sediar o evento, mas retirou sua candidatura.

 

— Houve participação minha nessa decisão. Nosso futuro ministro, eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil — disse Bolsonaro. O presidente justificou a atitude ao declarar que o Brasil poderia perder a soberania sobre 136 milhões de hectares na Amazônia, em área que faz parte do chamado “corredor triplo A” — faixa que vai dos Andes, passa pela Amazônia e chega ao Atlântico.

 

O presidente também criticou a burocracia. — Hoje, a economia está quase dando certo por causa do agronegócio, e eles estão sufocados por questões ambientais. No início do mês, Bolsonaro declarou que mudaria o destino do dinheiro arrecadado com multas ambientais.

 

Segundo ele, o dinheiro deixará de ser destinado a ONGs (Organizações não governamentais). — Quero preservar, mas não dessa forma que vêm fazendo nos últimos anos. Dessas multas no campo, 40% vão para ONGs. Isso vai deixar de existir — afirmou.