Agência Brasil

O técnico em telefonia Valter Freitas, 55, possui três motos para atuar nos serviços de entrega. No último sábado, ele abasteceu com a gasolina custando R$3,99 o litro. Nesta última quarta-feira (30), a mesma gasolina estava R$4,65. “No sábado, encher o tanque custou R$22 e hoje R$28,47. Infelizmente, para não perder a clientela, vou absorver esse aumento sem repassar para os meus clientes e vamos combinar que essa é uma forma péssima de começar o ano novo”, lamenta.

De acordo com o presidente do Sindicombustíveis Bahia, Walter Tannus Freitas, com a chegada do inverno europeu, quando há um aumento na demanda dos derivados de petróleo, a tendência é que haja novos aumentos. “A alta dos preços se deve, sobretudo, à política adotada pela Petrobras de ajustar o valor do diesel e da gasolina tomando como base o valor do barril de petróleo e do dólar. Como no Brasil temos um uso grande do transporte viário, essa alta impacta de forma muito significativa na vida dos consumidores”, comenta.

Walter Tannus chama atenção para o fato de que a alta ultrapassou 13% em menos de 30 dias, gerando um aumento médio de 5% semanalmente. “Num momento de recessão econômica como esse que estamos vivendo, essa alta termina impactando de modo muito negativo”, ressalta.

Fatores de alta
O educador financeiro e consultor do Correio Edísio Freire salienta que o petróleo é uma commodity e que, desde 2017, a Petrobrás indexa o preço praticado com o valor do barril. “O custo final, no entanto, é afetado pela pauta fiscal que gera a diferença de valores nos estados brasileiros. A Bahia, infelizmente, possui uma das pautas fiscais mais altas do país, gerando um custo final também alto”, explica.

Outro impacto destacado pelo educador diz respeito ao fato de que, no estado, os postos de combustível estão concentrados na mão de poucos empresários e isso faz com que os aumentos ocorram em todos os postos, sem grande possibilidade de concorrência. Ele salienta que, nesse final de ano, a lei do mercado terminou prevalecendo. “No início da pandemia, com a queda na procura, houve uma queda no preço. Nesse final de ano, a retomada, o 13º salário e as pessoas saindo de férias ajudaram a ampliar a procura nos postos de combustível”, analisa.

A  especialista em gestão financeira Raquel Santos reflete sobre a compensação do uso do carro diariamente, lembrando que buscar carona ou até mesmo os aplicativos pode significar uma boa economia. “No meu caso, por exemplo, eu me mudei para o mesmo bairro do meu escritório e vendi o carro, pois na ponta do lápis me locomover pelo aplicativo é uma economia significativa e valeu a pena”, conta.

O professor universitário Fábio Fernandes, 43, estava em viagem pelo interior do estado com a família e disse ter tido uma surpresa bem desagradável com esses aumentos. “No interior, na região de Vitória da Conquista, o litro da gasolina estava variando entre R$4,49 e R$4,89. Infelizmente, nesse período de festas e férias, a gente termina fazendo o sacrifício para conseguir sair um pouco”, finaliza.

5 DICAS PARA ECONOMIZAR
1.    Evite saídas desnecessárias;

2.    Mantenha o automóvel com a manutenção atualizada, evitando que o mal funcionamento das peças acarrete em um consumo maior de combustível;

3.    Procure trocar as marchas sempre na rotação correta, mantendo o giro do motor compatível à marcha escolhida;

4.    Estar sempre com carro cheio também contribui para aumentar o gasto de combustível. Cargas superiores a 10 quilos já influenciam no consumo, pois o motor terá que fazer mais força para colocar o veículo em movimento;

5.    Circular com os pneus em boas condições é essencial para economizar combustível. Pneus murchos influenciam diretamente no rendimento do veículo, pois geram mais atrito com a via.

PREÇO MÉDIO NAS ÚLTIMAS SEMANAS (Fonte: ANP)

DATA                         COMBUSTÍVEL               VALOR MÉDIO 
09/11/2020     GASOLINA COMUM (R$/LITRO)        4,42

16/11/2020     GASOLINA COMUM (R$/LITRO)        4,49

30/11/2020     GASOLINA COMUM (R$/LITRO)        4,55

07/12/2020     GASOLINA COMUM (R$/LITRO)        4,54    (Correio da Bahia)