Foto: Rosinei Coutinho/STF

Um dos mais controversos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes comentou sobre os métodos da operação Lava Jato, expostos após a série de reportagens da Vaza Jato. Em entrevista ao Uol e à Folha de S. Paulo, o magistrado destacou que é importante “não retirar os méritos” da operação, mas afirmou que é preciso “combater o crime não se cometendo novos crimes”, em referência às conversas vazadas ao The Intercept.

“Nós aprendemos, vendo esse submundo, o que é que eles faziam. Delações submetidas a contingência, ironizavam as pessoas, perseguiam os familiares para obter o resultado em relação ao verdadeiro investigado, tudo isso que nada tem a ver com o Estado de Direito”, declarou Gilmar. “Vamos imaginar que essa gente estivesse no poder Executivo, o que que eles fariam? Certamente fechariam o Congresso, fechariam o Supremo”, criticou o ministro. Gilmar Mendes comentou ainda o caráter político da Lava Jato.

“Há um conjunto todo muito preocupante, de ilegitimidade, de manipulação, desse processo. Porque essa prática de ter o interesse público a critério do juiz para revelar um fato depois vai ser utilizada agora nas eleições, na tal delação do Palocci, que sequer foi uma delação feita perante o Ministério Público. Ela foi feita perante a Polícia Federal, e o juiz de novo decide vazar, considerando que o interesse público, o interesse eleitoral. Depois ele ainda vem para o governo”, lembrou o magistrado, em referência ao vazamento feito pelo ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro.

“Tudo isso tem conteúdos muito preocupantes, numa perspectiva institucional mais ampla, que vai para a questão da suspeição, que vai para a questão da legitimidade, da isenção, da isenção, da imparcialidade. Tudo isso precisa ser discutido, mas aguardemos”, disse Gilmar, revelando que o STF deve julgar a suspeição dos processos contra o ex-presidente Lula em outubro ou novembro deste ano.