A apresentadora Glória Maria virou um dos assuntos mais comentados da Twitter por conta da repercussão de uma fala durante a live com a Glamurama, comandada por Joyce Pascowitch, na última sexta-feira (25). Na ocasião, a artista minimizou o debate atual sobre racismo.

“Eu acho tudo isso um saco. Hoje tudo é racismo, preconceito e assédio. A equipe com que trabalho me chama de ‘neguinha’, de uma forma amorosa e carinhosa. Estou mais de 40 anos na televisão, já fui paquerada, mas nunca me senti assediada moralmente. O assedio é algo que te fere, é grosseiro, desmoraliza. Existe uma cultura hoje que nada pode. Tem que ter uma diferenciação, não dá para generalizar tudo. O politicamente correto é um porre. Acredito que o politicamente correto é o caráter, a honestidade. Esse mundo que a gente está vem muito da amargura das pessoas, não aceito”, declarou.

Nas redes sociais, várias pessoas rebateram o posicionamento da veterana. “Acho muito triste uma mulher negra desmerecer a luta da mulher negra. E muito mais triste saber que esta mulher é a Glória Maria. Não é que hoje tudo é racismo: VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE RACISTA E AGORA A GENTE GRITA ISSO. Que lindo que ela nunca sofreu racismo, mas eu sim e dói”, escreveu um seguidor.

“Agora lutar contra o racismo, abuso, desmatamento é mimimi.. quem sofre na pele nunca vai lutar contra, diferente da Glória Maria que é uma preta privilegiada e ainda dizem que o debate sobre classe também não precisa ser discutido”, apontou outro; “A fala da Glória Maria só ajudou mais os brancos a serem racistas e falar ‘ah mas a Glória Maria falou..’ e já podemos ver que isso começou…”, ponderou mais uma.

Nesta terça-feira (29), o apresentador AD Junior fez um texto, exaltando a importância de Glória para a população negra, mas com alguns pedidos. “Eu respeito a história e o legado da grande jornalista chamada Glória Maria. Ela é uma inspiração para muitas pessoas negras enquanto representatividade na TV. Gloria, sua história é incrível!”, atestou.

Ao longo do depoimento, ele relembra que ela foi a primeira a usar a lei Afonso Arianos de 1951 – que proíbe a discriminação racial no Brasil – após ter sofrido racismo. “Mas infelizmente, como não tivemos a chance de criar uma classe média negra neste país, a senhora provavelmente aprendeu que pra sobreviver, tinha que negociar a pauta com os brancos. Dar uma amortizada, pra agradar a amiga branca racista ou amigo branco escroto. Uma piadinha? Quem nunca? Essa foi a realidade para uma geração de negros que alcançaram algumas posições”, lembrou.

“Irmã Glória, se eu puder te chamar de irmã, não dá pra ter dois discursos. É hora rever posicionamentos e se a senhora não deseja ajudar, não atrapalhe a nossa luta, num ano histórico para as discussões da negritude mundialmente. E lembre-se, pra eles você é uma preta que alcançou o sucesso, pra nós, mesmo que sem entender suas posições, você sempre será uma mulher que representa 120 milhões de sonhos. Entendeu a diferença?”, finalizou. (Por Júnior Moreira Bordalo)