O vice-prefeito de Ilhéus, Bebeto Galvão (PSB), era deputado federal no período em que o Congresso Nacional decidiu pelo impeachment da então presidente da República, Dilma Rousseff (PT). De acordo com o ex-parlamentar baiano, o vice-presidente na época, Michel Temer (MDB), atuou diretamente pela derrubada de sua ex-aliada petista. A revelação feita por Bebeto durante o BNews Entrevista reforça o discurso utilizado pelo PT e por grande parte da esquerda brasileira, de que Dilma sofreu uma espécie de “golpe parlamentar”, conduzido pelo então vice-presidente da República.
Bebeto era uma das principais lideranças do PSB no Congresso Nacional entre 2015 e 2016 e, quando questionado se foi procurado por Temer no período para que votasse favoravelmente ao impeachment, o vice-prefeito de Ilhéus foi enfático. “Claro, procurou. Eu estive com Michel Temer, diretamente”, afirmou Bebeto. “Claro que [Temer] atuou [pelo impeachment]”, reforçou o vice-prefeito. Na oportunidade, Bebeto teria dito a Temer que não apoiaria o pleito, pois ofenderia seus princípios políticos. No final, o então deputado federal do PSB terminou realmente votando contrário ao impeachment.
“Eu disse ao presidente e aos líderes: ‘eu estou objetado moralmente, pela minha trajetória e pelos meus compromissos com a democracia brasileira, que não me permito sequer a votar uma matéria dessas, porque não há crime, presidente’. Eu disse isso pessoalmente a ele”, relatou o ex-deputado. Na avaliação de Bebeto, o PT e o governo de Dilma subestimaram a importância de possíveis aliados durante o processo, não fazendo a força necessária para reaproximar da base aliada, por exemplo, o PSB.
“Houve uma subestimação. É bom que se diga. [O governo Dilma] achou que a aliança dada resolveria. Qual foi a diferença? Ficaram eu e mais dois deputados até o final. Estive com Lula diversas vezes, levei a bancada, estive com [Jaques] Wagner, reunião na casa de Weverton [Rocha, do PDT], e debatemos esses temas inteiros. Sabe qual foi o resultado? Pega o resultado. Se os 34 votos do PSB tivessem sido mantidos como parte de uma aliança e de retorno a uma relação política de volta ao governo, [o impeachment não teria sido aprovado]. A diferença foram exatamente os votos do PSB. A subestimação”, avaliou.
“Às vezes, essa visão hegemonista, de supremacia, de não considerar aquilo que o outro diz na construção de uma caminhada política gera o que nós vimos”, disse Bebeto sobre o PT. O ex-parlamentar, que hoje visa uma possível candidatura à prefeitura de Ilhéus em 2024, revelou ainda que está pensando em escrever um livro sobre os bastidores da política nacional no período em que foi deputado federal, entre 2011 e 2019. “Eu até estou rabiscando algumas coisas desse bastidor da política, que eu participei dessas decisões nacionais de forma muito intensa, para depois tentar aí a publicação de algumas coisas”, concluiu, na entrevista. BNews